Quarta-feira, Novembro 27, 2024
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Brexit: Eles já saíram e, para já, não pretendem voltar

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O resultado do referendo no Reino Unido não deixou ninguém indiferente. Os britânicos votaram a favor da saída da União Europeia e esse Brexit coloca muitas dúvidas no futuro, nomeadamente dos emigrantes alcobacenses e nazarenos que vivem em Inglaterra e que deixaram a região à procura de um futuro… mais promissor.

O resultado do referendo no Reino Unido não deixou ninguém indiferente. Os britânicos votaram a favor da saída da União Europeia e esse Brexit coloca muitas dúvidas no futuro, nomeadamente dos emigrantes alcobacenses e nazarenos que vivem em Inglaterra e que deixaram a região à procura de um futuro… mais promissor.

Contudo, da consulta efetuada pelo REGIÃO DE CISTER a esta comunidade, a maioria não se mostra muito preocupada com o anúncio da saída do Reino Unido dos 28, preferindo esperar para ver o que vai suceder nos próximos dias. Eles já saíram e, para já, fazem questão de dizer que não querem voltar a casa.

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Edgar Santos, João Serralheiro, Filipa Pereira, Tomé Figueiredo e Pedro Rilhó nasceram e cresceram em terras de Cister. Na hora de voar, escolheram o Reino Unido. Todos eles têm emprego e, de momento, não pretendem regressar. Pelo menos, tão depressa.

O nazareno Tomé Figueiredo, de 22 anos, é “contra” o Brexit. Atualmente de férias em Portugal, mas residente em Inglaterra desde agosto de 2014 com a família mais próxima, salienta que por estar na Nazaré não sentiu “qualquer tipo de consequências até agora”. “No entanto, tenho falado com os meus pais, que me dizem que nada mudou para já”, conta o profissional de saúde. “Mesmo que haja mudanças, não creio que possam afetar as pessoas que já lá vivem, que têm trabalho, que pagam a sua renda e as suas taxas, mas sim os que pensam emigrar para lá”, reforça o jovem.

Pedro Rilhó, freelancer em produção de audiovisuais, já conta oito anos no Reino Unido. “Tenciono ficar, porque não quero deixar que um dos estandartes do multiculturalismo se deixe levar por um revivalismo dos anos 1930”, aponta o alcobacense. Questionado acerca das consequências pós-Brexit, o realizador esclarece que “até ver, o estatuto de cidadão europeu residente mantém-se. Até que a lei (alguma vez) se altere”, nota.

Quem também não põe em hipótese sair de Londres é Filipa Pereira. A celense, de 32 anos, está pelo Reino Unido há três anos e é assistente de saúde. “Acredito [que o Brexit] não terá consequências boas para o país ou para a União Europeia”, aponta a jovem, acrescentando que ainda tem “alguma esperança de que não chegue a acontecer, pois já passou quase uma semana do referendo e as coisas ainda estão bastante cinzentas”. Filipa Pereira conta que “em Londres há manifestações diariamente, nas redes sociais existem vários movimentos acontecer e petições que já reuniram milhões de assinaturas”. “Nos primeiros dias, a cidade estava em choque e o sentimento geral era de tristeza, ainda não conheci ninguém que fosse a favor do Brexit”, conclui.

Edgar Santos é condutor de uma companhia de distribuição de bebidas e vive em Millroad, em Cambridge. Por esta ser das cidades mais multiculturais do país, “a xenofobia e o racismo pós-Brexit não se fazem sentir, ao contrário do que acontece no leste de Inglaterra, por exemplo”, esclarece. Esteve por Inglaterra de 2008 a 2014, regressando à Vestiaria, “achando que ia ficar por Portugal”, mas não se adaptou “depois de viver tantos anos lá”, admite o vestiarense. E voltou ao Reino Unido, em setembro do ano passado. “Trabalho não falta, para quem tenha vontade de trabalhar”, esclarece Edgar Santos, sublinhando que é a favor do brexit, “quando há tanta gente a entrar no país apenas para receber os benefícios, sem pensar sequer em esforçar-se por trabalhar”. Mas, admite: “Quando se soube que o referendo tinha passado, um dos meus colegas de trabalho, de nacionalidade inglesa, pediu-me desculpa por a Inglaterra me ter desiludido”.

João Serralheiro tem 34 anos e está há três anos em Inglaterra, assumindo profissionalmente o desafio como engenheiro de projetos informáticos. O beneditense considera que “a curto prazo, os ingleses deram um grande ‘tiro no pé’ pois, de um dia para o outro, as principais instituições bancárias tiveram de congelar a venda de ações declarando certa de 30% em perda de capital e a libra desvalorizou de quase 1,79 para 1,19 euros no mesmo período de tempo”. A viver em Ely, uma cidade a norte de Cambridge, o engenheiro acredita que “a maioria dos britânicos é a favor da permanência na União Europeia”. Mas, salienta: “Sou o único estrangeiro na minha empresa e entre os meus colegas de trabalho há um ambiente de incerteza, arrependimento e, até, um pouco de vergonha pelo resultado do referendo”. Agora, resta-lhes esperar para ver, ou, como dizem os ingleses, “let’s wait and see”.

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