Trabalho, trabalho, trabalho. É preciso muito trabalho para montar um espetáculo com atores que não são atores, mas dá ainda mais trabalho criar um espetáculo que procura a felicidade no trabalho e no futuro. Um grupo de amigos, 18 no total, vestidos de forma cerimonial, sobe ao palco do Cine-teatro de Alcobaça, nos dias 11 e 13 e maio, para preparar um jantar e, ao mesmo tempo, contar 14 histórias, que questionam se o trabalho dá felicidade ou se a felicidade dá trabalho.
Trabalho, trabalho, trabalho. É preciso muito trabalho para montar um espetáculo com atores que não são atores, mas dá ainda mais trabalho criar um espetáculo que procura a felicidade no trabalho e no futuro. Um grupo de amigos, 18 no total, vestidos de forma cerimonial, sobe ao palco do Cine-teatro de Alcobaça, nos dias 11 e 13 e maio, para preparar um jantar e, ao mesmo tempo, contar 14 histórias, que questionam se o trabalho dá felicidade ou se a felicidade dá trabalho.
“A Manual on Work and Happiness” (Um Manual sobre Trabalho e Felicidade) é um projeto europeu de teatro comunitário, implementado pela Artemrede, em parceria com três entidades: Pergine Spettacolo Aperto (Itália), L’Arboreto – Teatro Dimora (Itália) e o Teatro Municipal e Regional de Patras (Grécia), com direção artística da Mala Voadora e financiado pelo programa Europa Criativa.
O manual de instruções, escrito pelo espanhol Pablo Gisbert, conta histórias, “com um cheiro distópico”, nas palavras do encenador, que procuram a felicidade, mas que não procuram “dar lições às pessoas”, afiança Jorge Andrade. É mais importante deixar perguntas no ar, enquanto o espetáculo vai revelando como o trabalho em comunidade é capaz de fazer a diferença, seja agora ou no futuro.
O espetáculo, que estreou na Grécia e que já foi apresentado no Montijo, resulta de uma residência artística de três semanas com o encenador Jorge Andrade, com o ator Vítor d’Andrade e com 18 cidadãos locais. O método é o mesmo seja qual for a cidade: são abertas candidaturas para quem quer integrar o projeto, é feita uma seleção dos participantes, sendo-lhes dada a oportunidade de escolher a história com que mais se identificam e depois seguem-se ensaios diários de quatro horas durante 20 dias. Em palco só há um ator profissional: Vítor d’Andrade, no caso dos espetáculos em Portugal.
Em Alcobaça, não foi preciso uma seleção, uma vez que “dos 24 que se inscreveram, alguns não puderam ficar por motivos pessoais e profissionais, acabando por ficar 18 pessoas, exatamente o número previsto da companhia para a encenação do espetáculo”, explicou Rui Morais, representante do Município da Artemrede, na conferência de imprensa, que decorreu ontem, no Cine-teatro de Alcobaça.
Os “atores”, dois homens e 16 mulheres, entre os 19 e os 77 anos, são, na maioria de Alcobaça, mas também há quem venha da Nazaré e de Leiria. É o caso de Emanuel Jacinto, que já contou os quilómetros que vai percorrer entre Leiria e Alcobaça: 1.280. “Serão um bom investimento”, acredita o professor de Artes Visuais, que também integra o grupo de teatro Libélula, de Leiria. Para o leiriense, de 45 anos, este espetáculo “é uma forma de aproximar a arte à população”.
A vereadora da Cultura da Câmara de Alcobaça não participa na peça, mas partilha da mesma opinião. “O município tem acarinhado estes projetos comunitários, que pretendem criar dinâmicas diferentes para chamar as pessoas à cultura”, nota Inês Silva, acreditando que “o público que vai assistir se vai sentir motivado para participar nestes projetos”.
Sem qualquer experiência em artes cénicas, a alcobacense Elisabete Costa diz que se inscreveu pela “experiência”, pelo “desafio” e pela “partilha de saberes”. A professora de Educação Especial diz ainda não se sentir “deslocada”, uma vez que integra “um grupo muito heterogéneo mas coeso”.
Para Marta Martins, diretora executiva da Artemrede, “é muito importante que um projeto de âmbito internacional tenha impacto local nas comunidades”. Partindo da experiência de Pamela Smith, uma inglesa que reside em Alcobaça há cerca de três anos, que integra o espetáculo “para aprender mais a comunicar em português”, a missão está a ser cumprida. Quanto ao resto, basta ter vontade de trabalhar e ser feliz.