Sábado, Dezembro 14, 2024
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Jorge Vala: “Leiria e o Oeste deviam poder trabalhar mais em conjunto”

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O presidente da Câmara de Porto de Mós defende uma junção de esforços entre as Comunidades Intermunicipais do Oeste e de Leiria, por forma a que se encontrem respostas a problemas comuns dos municípios. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o autarca do PSD diz acreditar que o Governo acabará por ceder e abrir a Base Aérea de Monte Real à aviação civil.

O presidente da Câmara de Porto de Mós defende uma junção de esforços entre as Comunidades Intermunicipais do Oeste e de Leiria, por forma a que se encontrem respostas a problemas comuns dos municípios. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o autarca do PSD diz acreditar que o Governo acabará por ceder e abrir a Base Aérea de Monte Real à aviação civil.

REGIÃO DE CISTER (RC) > O que se pode esperar das próximas Festas de São Pedro, que começam amanhã em Porto de Mós?

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JORGE VALA (JV) > Podemos esperar o que tem vindo a acontecer nos últimos anos, que é o incremento da importância das festas, que passaram de um paradigma concelhio para uma festa de dimensão regional e até nacional. Para além da própria estrutura do certame, tentamos sempre incorporar alguma inovação, pois queremos que as festas sejam muito mais do que apenas as tasquinhas. Este é um momento único para o concelho estar unido em torno das festas do padroeiro e temos trabalhado no sentido de afirmar a coesão territorial e social de Porto de Mós. 

RC > A recuperação do castelo foi uma dessas medidas? É uma obra emblemática para os portomosenses?

JV > O castelo teve uma intervenção de reabilitação e fizemos uma candidatura ao abrigo do turismo acessível, que foi aprovada. Conseguimos tornar o castelo apto a receber pessoas com mobilidade reduzida, mas queremos que o castelo evolua e seja um castelo sensorial. Estamos a trabalhar nesse sentido. A intervenção efetuada acrescenta muito valor ao monumento, mas este processo não está acabado e, de resto, já contratámos uma empresa que irá tratar da museulização do castelo. Tão importante quanto isso, estamos a desenvolver um projeto educativo que visa contar a história de Porto de Mós a partir do monumento que é o nosso ex libris, o castelo, e que desafie as pessoas a visitar o resto do concelho. O turismo de Porto de Mós tem muito mais para oferecer do que as quatro paredes do castelo. 

RC > O concelho destaca-se também ao nível do turismo de natureza…

JV > É muito por essa via que queremos caminhar. As Grutas de Mira de Aire são as mais visitadas do País, mas não podemos esquecer o Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota (CIBA), em S. Jorge, onde se realizou a mais importante batalha de Portugal. A partir do CIBA, do castelo e das grutas de Mira de Aire temos três pontos de interesse para lançar uma visita mais alargada ao concelho. Nesse sentido, estamos a recuperar um espaço em Alvados para o transformar num posto de turismo avançado, dedicado ao turismo de natureza e onde queremos afirmar a prática de desportos como trail, running, btt e parapente. Mas ainda temos lugares únicos como a Fórnea, a Praia Jurássica, os muros de pedra – que vamos, em conjunto com as Terras de Sicó, candidatar a património da Humanidade –, entre outros espaços que queremos potenciar. Dou mais um exemplo: queremos recuperar as Minas da Bezerra, com a intenção de, com todas estas ações, promover também as nossas aldeias. É um processo lento, mas em que acreditamos muito. Envolver as próprias pedreiras neste contexto, com visitas de âmbito turístico, será também uma das prioridades nesta área.

RC > Fala de turismo. Muito se tem falado quanto à abertura da Base Aérea de Monte Real à aviação civil. Qual é a posição do Município?

JV > Este é um dos temas que maior consenso tem gerado na região. Com um aeroporto, mesmo low-cost, esta região terá, com toda a certeza, um futuro diferente ao nível do turismo, pois será potenciado tudo o que de bom já temos e o próprio paradigma do turismo religioso também muda. Além disso, é preciso notar que esta é uma região que não vive apenas de turismo, pois tem uma dinâmica empresarial invulgar, que é, aliás, um verdadeiro exemplo para o País. Estamos diretamente envolvidos neste processo e tenho a convicção de que vai ser possível abrir Monte Real à aviação civil. Temos a noção de que não é um processo fácil, mas se estivermos todos juntos teremos, certamente, mais peso. Há bons exemplos, como as Lajes, onde foi possível compatibilizar a aviação militar e civil, além de que temos noção de que o investimento por parte do Estado não é assim tão pesado e que uma intervenção seria de grande importância para toda esta região, que muito beneficiaria de um aeroporto regional.

RC > A ligação de Porto de Mós a Alcobaça e Nazaré tem muitos séculos, mas hoje em dia estão “separados” pelas Comunidades Intermunicipais (CIM). É possível os municípios trabalharem em conjunto, apesar dessa realidade administrativa?

JV > A continuidade geográfica acabou por ser interrompida devido a indefinições do Estado. Continuamos a ter distritos, mas vários serviços estão assentes nas CIM. Torna tudo mais difícil, pois sentamo-nos à mesa com parceiros diferentes em Leiria e no Oeste. As preocupações podem ser comuns, mas não podem ser discutidas em comum. Por isso, temos de ir mais longe: as duas CIM têm de se juntar e perceber as sinergias que podem criar. Os passes e a videovigilância da floresta pode aproximar-nos. Mas os transportes é algo que tem de ser trabalhado em conjunto, pois não há interrupção do território. Há, ainda, a justiça, a saúde e nalguns destes casos ainda não estamos sentados à mesma mesa. Sou um defensor do intermunicipalismo e considero que não faz sentido criar ligações que não sejam naturais. Temos ligações naturais a Alcobaça, e implicitamente, à Nazaré, e tudo o que é natural é natural. A economia dos concelhos cruza-se. Verdadeiramente importante é pensar o território numa base intermunicipal e partindo do princípio de que podemos ter muitas coisas em comum entre Oeste e Leiria. Os concelhos de Alcobaça e Porto de Mós estão nos extremos das CIM e deveriam ter margem para se entender. Falta uma maior coesão territorial.

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