A sua origem é assunto para horas de debate e o ponto perfeito da massa consegue ser uma dor de cabeça. Seja como for, o pão de ló do Café Ferreira, em Alfeizerão, enche de felicidade os gulosos de todo o País. O que não admira, pois o fabrico é uma arte dominada pela mesma família desde 1927.
A sua origem é assunto para horas de debate e o ponto perfeito da massa consegue ser uma dor de cabeça. Seja como for, o pão de ló do Café Ferreira, em Alfeizerão, enche de felicidade os gulosos de todo o País. O que não admira, pois o fabrico é uma arte dominada pela mesma família desde 1927.
É com orgulho que Fátima Rodrigues se apresenta como a quinta geração a liderar o negócio de família e recorda o percurso da empresa. “A minha bisavó, Amália Grilo, começou a fabricar o bolo, ocasionalmente, no início do século XX, mas só em 1927 é que o fabrico começou a ser explorado a nível industrial com a criação da sociedade SA Ferreira”, recorda a gerente. A sociedade viria a ser extinta em 1947, ano em o Café Ferreira abriria portas ao público. “A minha bisavó batalhou muito para erguer esta casa. Foram anos de obras e o edifício que vemos nos dias de hoje foi conseguido com muito esforço”, . Na última metade de século XX, o negócio foi gerido por membros duas gerações da família Ferreira, incluindo a sociedade formada em 1997 por Fátima Rodrigues, um irmão e uma prima para assumir o negócio. “Atualmente faço a gestão sozinha. Assumi a responsabilidade de gerir o negócio e, embora por vezes não seja fácil, sou e fui muito feliz aqui”, confessa.
Quase um século depois da primeira fornada com o selo “Casa Ferreira” e, apesar dos avanços do setor e da tecnologia, é com orgulho que Fátima Rodrigues revela que “na cozinha Ferreira não existem farinhas pré-fabricadas às quais basta só acrescentar água”. “Os ingredientes são frescos e não poderia ser de outra de forma, uma vez que esta receita requer que se mantenha os ingredientes originais”, sublinha. É certo que o bolo já não é “batido” manualmente e já não requer um dia inteiro de fabrico, mas é com a ambição de manter a qualidade que a empresária não planeia expandir a produção a nível nacional. “Já tive convites para produzir para além-fronteiras, mas isso iria implicar alterar a receita para manter a conservação e não quero”, reitera.
Para a gerente esta é também uma forma de “obrigar” o cliente a uma nova visita. “Há pessoas que vêm do Algarve pelo pão de ló. Igual a este não há em outro lugar e é bom ver que retornam pela nossa tradição”, declara Fátima Rodrigues.
O futuro do negócio de família preocupa Fátima Ferreira tanto quanto o passado. Mas a inquietação em estar “à altura” das antepassadas e a responsabilidade de garantir a continuidade da tradição não lhe tiram o sono. Ambiciona renovar o espaço para dar mais destaque ao pão de ló e aos utensílios históricos utilizados pelos familiares no fabrico da iguaria, “mas cada coisa a seu tempo”. “O futuro do negócio só o tempo dirá”, afirma com tranquilidade, recordando com “coração apertado de saudade” a mesa repleta de familiares ao canto no Café Ferreira. “É, em todos os sentidos, um negócio de família”, conclui.