A Seleção Nacional começa esta sexta-feira o Mundial do Paraguai num jogo com a Nigéria (20:50 horas), a contar para o grupo D da competição, no qual vai encontrar ainda as congéneres do Brasil e da Omã.
A Seleção Nacional começa esta sexta-feira o Mundial do Paraguai num jogo com a Nigéria (20:50 horas), a contar para o grupo D da competição, no qual vai encontrar ainda as congéneres do Brasil e da Omã.
Mas antes de se dar o apito inicial para a maior prova de seleções do Mundo, recorde a carreira do nazareno Jordan Santos, reconhecido como melhor jogador do mundo na Gala Beach Soccer Stars, que teve lugar no Dubai, a 9 de novembro.
Poucos saberão, mas o primeiro clube do melhor jogador de futebol de praia do mundo foi… o Clube Desportivo Pataiense. Foi em 2000, no Campo da Floresta que tudo começou e, desde cedo, Jordan Santos mostrou que era diferente. Não apenas pela forma como tratava a bola, mas sobretudo como lidava com os colegas. O primeiro treinador do nazareno revelou, ao REGIÃO DE CISTER, uma história que jamais esqueceu e que demonstra a grandeza de um homem que atingiu o topo do mundo.
Jordan nasceu no Canadá, veio aos 3 meses para a Nazaré, mas deu os primeiros toques aos 9 anos na equipa das escolas do Pataiense, porque o irmão Mathew e os amigos, também irmãos, João e Pedro Gandaio, jogavam no clube. O técnico Sílvio Castanheiro recorda um miúdo “muito franzino e um brinca na areia” e evoca um célebre jogo com o Marinhense. “Estávamos a ganhar por uma grande diferença de golos, o Jordan fez uma jogada individual e quando chega à altura de finalizar começa a driblar os adversários. Estava à espera que Filipe Neves, um menino que não jogava regularmente, chegasse à área para lhe passar a bola”, relembra. O lance deu golo e “foi uma grande festa” para o grupo, relembra.
Após um ano no Pataiense, o esquerdino ruma ao Nazarenos, onde dá nas vistas durante três temporadas, antes de assinar pelo Boavista. Emprestado ao “satélite” Pasteleira e com saudades da família decide voltar a casa. Fica mais dois anos nos alvinegros e assina pelo SL Marinha, para jogar no nacional de juvenis. Em júnior, sagra-se campeão distrital e na época seguinte não consegue evitar a descida. Quando chega a sénior decide voltar à base: o Pataiense, em 2010/2011. À época encontra no comando da equipa António Santos, conhecido por To-gui, que já lhe vislumbrara muitas qualidades. “Era um jogador com uma estatura física muito forte e que tinha uma visão de jogo acima da média”, relembra o treinador, contando que Jordan era o responsável pela marcação dos livres e dos penáltis, demonstrando uma enorme “veia goleadora”. Na época 2010/2011 foi mesmo o melhor marcador da equipa com 17 golos.
No entanto, a vida do jogador já ganhara novo rumo no ano anterior. O esquerdino estreia-se com 17 anos ao serviço da equipa principal do Sótão no futebol de praia, sagra-se campeão nacional e uma chamada telefónica muda-lhe o rumo da carreira. “Liguei ao Zé Miguel, que era o selecionador nacional, e aconselhei a convocatória do Jordan”, conta Paulo Henriques, técnico da formação nazarena, que destaca o facto de desde então o esquerdino, de “uma leveza incrível na areia“, nunca mais ter saído da Seleção Nacional.
Esta convocatória foi o mote para apostar no futebol de praia. “A evolução foi notória e achei que optar pelo futebol de praia seria melhor para o meu futuro, e onde tinha mais hipóteses de singrar”, conta o esquerdino que no currículo conta, ainda, com títulos nacionais ao serviço do Sporting (2010), Belenenses (2012) e Sp. Braga (2013, 2014, 2015, 2017, 2018 e 2019). Mas não é só em Portugal que Jordan Santos faz história. O nazareno já atuou na Rússia, Japão, Brasil, Itália e Emirados Árabes Unidos, e Bê Martins, colega na equipa das quinas e em vários clubes, reconhece que este prémio devia ter sido entregue antes. “O Jordan é um jogador incrível e que, para além de defender muito bem, finaliza com a mesma qualidade”, disse o brasileiro naturalizado português, com quem o ala partilhou quarto durante três meses numa das passagens pela Rússia.
Numa carreira recheada de conquistas, o recém consagrado melhor jogador do Mundo nas areias não se coíbe de destacar as pessoas que são o seu “porto de abrigo” para se dedicar ao futebol de praia. “A minha avó, a minha mãe, o meu irmão, e agora também a minha esposa, são a base do meu sucesso. Sem eles não conseguiria ter atingido este nível”, frisa. O menino que na escola só pensava nos treinos da tarde é hoje apelidado de “canhotinha de ouro” na Seleção Nacional e a alcunha não poderia estar mais certa, ainda que este troféu não seja o topo da carreira. Esta temporada Jordan Santos venceu o Mundial de Clubes, a Euro Winners Cup, a Divisão de Elite e a Taça de Portugal ao serviço dos Guerreiros do Minho, e com o símbolo nacional ao peito sagrou-se campeão europeu, triunfou nos Jogos Europeus e conquistou o Mundialito na Nazaré. Mas falta um título para terminar o ano de forma brilhante: o Mundial. E quem tem o melhor do mundo só pode sonhar com o ceptro.