A pouco mais de um ano de cumprir o sonho de se estrear nos Jogos Olímpicos, a alcobacense Melanie Santos falou com o REGIÃO DE CISTER. Entre a incerteza sobre o adiamento da competição, a triatleta explica como tem treinado para continuar bem fisicamente durante estas semanas.
A pouco mais de um ano de cumprir o sonho de se estrear nos Jogos Olímpicos, a alcobacense Melanie Santos falou com o REGIÃO DE CISTER. Entre a incerteza sobre o adiamento da competição, a triatleta explica como tem treinado para continuar bem fisicamente durante estas semanas.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Era a estreia nos Jogos Olímpicos. Como se gere este adiamento?
Melanie santos (MS) > Não é fácil, pois tudo estava a ser preparado para estes meses, agora é redobrar forças para daqui a um ano.
RC > Como foi feita a gestão psicológica destes dias de indefinição das datas dos Jogos Olímpicos?
MS > Inicialmente não foi fácil lidar com esta incerteza. Sabíamos que a prova seria adiada, mas o facto de não sabermos para quando deixou todos os atletas com alguma ansiedade por não saberem de que forma se deviam preparar…
RC > A confirmação do adiamento para 2021 facilitou esse processo?
MS > Sem dúvida, primeiro porque os atletas que, como eu, já estavam quase seguros nos Jogos Olímpicos podem assim mudar o plano de treinos de forma a estarem no pico de forma quando chegar a competição, e depois porque os atletas que ainda não tinham garantido a qualificação podem preparar-se melhor para as últimas provas de apuramento.
RC > A nível pessoal, sente que lhe fará diferença na preparação que já estava a fazer?
MS > Não, quem compete a este nível já está habituado a esta ansiedade, a este tipo de incertezas, e à forma como deve abordar cada situação. O meu maior receio é a possibilidade de ter alguma lesão que me impeça de chegar a Tóquio 2021 nas melhores condições.
RC > A forma física já está a ser pensada dessa perspetiva…
MS > Sim, por este momento já estaríamos na reta final da preparação, em que cada prova até lá serviria para potenciar as nossas capacidades e chegar com mais confiança à competição.
RC > Para tal não páram os treinos…
MS > Tenho seguido indicações do meu treinador e do meu preparador físico para tentar manter os índices físicos semelhantes aos que tinha antes da paragem, pelo que todos os dias a minha rotina é semelhante à de sempre.
RC > Como é a rotina e como tem sido feita essa adaptação?
MS > Uma vez que teríamos de ficar em casa decidi regressar a Alcobaça e passar aqui esta temporada. Aproveito para treinar com o meu namorado, que também é triatleta, e tento ir para locais mais arejados e onde não esteja ninguém. A nível de horas de treino não mudou muito face às que tinha e o facto de estar há muitos anos dedicada ao triatlo fez com que fosse adquirindo materiais de ginásio que agora me fazem notar menos diferença do que a muitos outros.
RC > Este adiamento coloca em risco a justiça de quem vai competir em Tóquio?
MS > Penso que não, mesmo que para alguns atletas este adiamento seja menos positivo do que para outros. Quem está lesionado agora poderá recuperar e ainda ambicionar lutar por uma vaga na competição.
RC > Foco e motivação são as palavras-chave para este período de espera?
MS > Sim, estou focada no objetivo de me preparar para o que ainda falta da qualificação e em preparar-me fisicamente para estar no top da minha performance individual. Tenho motivação para não permitir que este tempo de quarentena faça com que os nossos objetivos mudem.
RC > Quais são os objetivos para a estreia na maior competição do Mundo de modalidades?
MS > Os objetivos são sempre chegar ao dia em que tudo começará e apresentar-me na melhor forma possível. Em Tóquio estarão os melhores do mundo em plena forma pelo que é difícil antever um resultado que queira mesmo atingir…
RC > Fazer o melhor tempo pessoal em Tóquio já seria um bom “prémio?
MS > Sim, já seria muito gratificante fazer o meu melhor tempo pessoal, tanto mais porque seria na prova que é e naquele ambiente tão especial.