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A pisoense que deu colo a “Marcelinho” Rebelo de Sousa

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Será das poucas pessoas que ainda trata o Presidente da República como “Marcelinho” ou não tivesse sido ama de Marcelo Rebelo de Sousa quando o chefe de Estado tinha idade para frequentar a escola primária.

Será das poucas pessoas que ainda trata o Presidente da República como “Marcelinho” ou não tivesse sido ama de Marcelo Rebelo de Sousa quando o chefe de Estado tinha idade para frequentar a escola primária.

Maria Odete Ferreira Cardeira, dos Pisões, hoje com 84 anos, não se lembra em que ano chegou a casa do médico e antigo deputado à Assembleia Nacional, Baltazar Rebelo de Sousa, e sua mulher, Maria das Neves. Certo é que começou por ser ama quando o irmão do primogénito Marcelo, António José (nascido em 1952), ainda bebia biberão e usava fraldas. Também já vivia na casa dos Rebelo de Sousa quando nasceu Pedro, o filho mais novo.

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“Foi o tempo mais feliz da minha vida”, resume a pisoense. A mãe morrera muito cedo, quando tinha apenas 8 anos, e a vida com a madrasta e o pai é recordada com violência e trabalho no campo. Maria Odete nunca foi à escola, nem tão pouco sabe ler ou escrever.

Era menina e moça quando a amiga Gracinda, que servia numa casa de família em Lisboa, a indicou para a mesma tarefa junto do clã Rebelo de Sousa, perto da Estrela e de São Bento. “Tomava conta dos meninos, saía com eles para o jardim, tinha de atender a porta ou o telefone e decorar aqueles recados todos. Fez-me muita falta não saber escrever”, recorda a octogenária, que se lembra também de memorizar os medicamentos e as tomas necessárias quando algum dos meninos estava doente.

É com carinho que fala da família, no seio da qual sempre se sentiu acolhida. “Quem é que naquele tempo mandava as empregadas comerem à mesa na noite de Natal?”, nota.

Lembra-se dos três “rapazes bem formados”, mas recorda em especial que “o menino Marcelinho era muito mexido”. Na memória ficaram-lhe alguns episódios, como a canelada que levou do agora Presidente da República quando Marcelo chegou a casa da escola e não queria tirar o bibe. Depois de muita insistência de Maria Odete e de igual dose de teimosia de Marcelinho, Maria Odete levou a melhor: tirou-lhe o bibe, mas não se livrou de uma valente biqueirada na canela. Ela, que na verdade só tem mais 12 anos do que Marcelo Rebelo de Sousa, ripostou com uma palmada na perna. “Ele era branquinho, estava de calções e ficou logo marcado”, conta a pisoense, que naquele momento pensou que ia ser despedida porque o menino ameaçou contar à mãe. Nunca chegou a acontecer.

Noutra ocasião, enquanto na telefonia passava o relato de um Benfica-Sporting, Maria Odete deu vivas ao clube encarnado que acabou por vencer o jogo, mas Marcelo, acérrimo sportinguista, não achou graça à brincadeira e, como a ama não parava de saudar o Benfica, lá se foi a telefonia graças a um pontapé de Marcelinho. “Acalmou-se pouco depois”, lembra, divertida, sublinhando o grande respeito com que sempre foi tratada pela família.

“O Marcelinho sempre foi uma jóia de pessoa, humilde, tal como o Dr. Baltazar”, avalia a pisoense. Mostra, com igual ternura, as fotografias que guarda religiosamente e em que aparece com os meninos Rebelo de Sousa. “Fui muito feliz ali”, repete, enquanto se perde nas histórias de um tempo longínquo mas ainda tão presente na sua memória.

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