O início do mês de agosto marca o arranque da campanha da maçã e da pera. Mas, este ano, em plena pandemia da Covid-19, os produtores veêm-se obrigados a redobrar as regras de higiene e segurança para a apanha da fruta. A região do Oeste já começou a ser “inundada” por milhares de trabalhadores sazonais e mais vão continuar a chegar nos próximos meses.
O início do mês de agosto marca o arranque da campanha da maçã e da pera. Mas, este ano, em plena pandemia da Covid-19, os produtores veêm-se obrigados a redobrar as regras de higiene e segurança para a apanha da fruta. A região do Oeste já começou a ser “inundada” por milhares de trabalhadores sazonais e mais vão continuar a chegar nos próximos meses.
Carlos Malhó, proprietário de 20 hectares na zona da Cela e quatro em Évora de Alcobaça, vai iniciar a campanha de apanha da fruta entre 15 e 20 de agosto, com recurso a trabalhadores estrangeiros. “Há vários anos que subcontrato uma empresa em Alpiarça para proceder à apanha da fruta e este ano não vai ser diferente. A maioria dos trabalhadores são de origem indiana”, afirma ao REGIÃO DE CISTER. O produtor assegurará os encargos dos equipamentos de proteção individual, assegurando ainda a medição de temperatura dos trabalhadores, que passarão um período de 15 dias em casa antes de iniciarem a campanha.
“Os nossos trabalhadores residem em casas alugadas por nós e acredito ser mais seguro ter trabalhadores de fora, uma vez que durante o período de campanha não se deslocam a lugares que são potenciais focos de contágio, excepto aqueles como supermercados, que são naturalmente obrigatórios”, revela o também presidente da Associação de Regantes da Cela.
Também Luís Ferreira diz estar preparado para a campanha de apanha da fruta. “O recrutamento, feito através de empresas especializadas, permanece idêntico a anos anteriores”, nota o produtor, para quem a pandemia da Covid-19 obriga “apenas” a regras redobradas de higiene e segurança. “Vamos garantir que todos os dias é realizada a medição de temperatura a cada trabalhador, vamos fornecer máscaras e álcool gel e vamos organizar os grupos de trabalho para que os trabalhadores estejam o mais separados possíveis”, sublinha o empresário, acrescentando que está a ser solicitado aos trabalhadores que se desloquem nas viaturas pessoais até aos pomares.
“Não estamos a sentir mais dificuldades do que em anos anteriores, uma vez que temos vários certificados que garantem a qualidade e segurança da fruta, que é depois colocada no mercado”, afirma o produtor que tem cerca de 55 hectares de maçã e pera entre Cela, Alfeizerão, Coto e Alvorninha e que prevê iniciar a campanha de apanha da fruta no próximo dia 17.
“Contamos com cerca de 50 trabalhadores e vamos tentar que os grupos de trabalho sejam sempre os mesmos durante toda a campanha”, reitera o produtor, para quem, apesar da pandemia, a campanha deste ano “deverá decorrer dentro da normalidade possível”.
Já Ana Paula Gama refere que as “novas medidas de segurança e higiene exigidas pelas autoridades de saúde são já cumpridas há vários anos”. A produtora nota que cada trabalhador recebe uma mala térmica com a sua garrafa de água, mas que essa medida já é cumprida “há vários anos, pois as empresas produtoras já recebiam formações específicas ainda antes do surgimento da pandemia”.
A celense, que tem 24 hectares de pera e maçã, entre Cela e Maiorga, acredita que a campanha vai decorrer dentro da normalidade. “Anualmente o recrutamento é realizado por nós e contratamos também uma empresa de trabalho temporário”, conta, acrescentando que “o número de pessoas à procura de trabalho manteve-se nos números habituais”.
A empresária sublinha ainda que “a medição de temperatura e a entrega de máscaras e álcool gel vão ser asseguradas”. Para a proprietária de vários pomares, os testes à Covid-19 não serão uma solução definitiva, dado que “o período para apanha da fruta é reduzido e não seria eficaz realizar testes todos os dias”.
“Após saírem dos pomares as pessoas fazem a sua vida normal e dificilmente teremos a certeza de que não estão infetadas”, reitera Ana Paula Gama, afirmando que os grupos de trabalho, à semelhança de anos anteriores, são “formados sempre pelas mesmas pessoas”, e que apenas vão distanciar um pouco mais os 20 trabalhadores entre as filas. “Trabalhar ao ar livre é mais seguro do que muitos locais de trabalho em que os empregados estão confinados a um espaço fechado”, remata ainda a produtora.
Os produtores de fruta da região Oeste já receberam orientações da Direção-Geral de Saúde, através de um manual de procedimentos, para a campanha de apanha da fruta num ano “diferente”, mas mostram-se otimistas com a realização das campanhas, salvaguardando que os trabalhadores tenham todas as condições de segurança nos pomares.