O recurso ao Plano Especial de Revitalização (PER) e o despedimento coletivo de 38 colaboradores na SPAL são justificados pela empresa sediada de Valado dos Frades com os resultados financeiros dos últimos anos. O objetivo do PER é evitar o processo de insolvência, estabelecendo negociações com todos os credores da empresa de forma a definir o plano de reestruturação necessário à sobrevivência da empresa.
Refere a administração da SPAL, em comunicado, que a empresa se encontra “numa situação de crise empresarial que se viu agravada com a queda abrupta e significativa da economia mundial com a pandemia Covid-19, que veio desvalorizar os negócios e rodear a empresa de grandes incertezas”. Os resultados registados nos últimos anos, em especial no período de 2019 e 2020, deixaram a empresa “numa situação económico-financeira de grande fragilidade e de difícil sustentabilidade, tendo a administração da SPAL de levar a cabo medidas de reestruturação, com vista à sustentabilidade da empresa face à actual conjuntura”.
Além da “suspensão de contratos de trabalho”, a SPAL considera “necessário” tomar outro tipo de medidas para assegurar a viabilidade da empresa, justificando a decisão com o facto de “não ter havido retoma significativa do nível de encomendas e da atividade económica que permita sustentar uma perspetiva otimista”.
A empresa decidiu recorrer ao PER “por forma a fazer face à pressão de alguns credores financeiros”, admite a administração, que explica que o plano “tem como principal e único objetivo permitir a viabilização” da empresa, que garante querer assegurar a manutenção de cerca de 270 postos de trabalho restantes.
O Partido Comunista Português (PCP) tinha publicado, no final de julho, um comunicado no qual temia “o pior cenário para os trabalhadores”, referindo que “esta suspensão em massa de contratos de trabalho era apenas o início de uma caminhada que tentará colocar muitas dezenas de trabalhadores no desemprego, livrando-se a empresa de cumprir escrupulosamente com os direitos consagrados dos trabalhadores”. Já depois de ser conhecido o despedimento coletivo, a força política emitiu novo comunicado, no qual refere que “mais uma vez o PCP não se enganou”. O partido critica a gestão da SPAL, que “mesmo depois de ter recebido apoios públicos, aderindo ao regime de layoff, teve o desplante de não pagar 85% do valor dos subsídios de férias e agora promove um despedimento coletivo de 38 trabalhadores”.
Em declarações recentes ao REGIÃO DE CISTER, a empresa lembrava que os problemas financeiros da SPAL “arrastam-se há mais de 20 anos tendo a aquisição da SPAL por outro grupo económico, em 2010, evitado o seu enceramento nesse ano”, quando conseguiu preservar postos de trabalho e a indústria produtora de porcelana.
Apesar de “nos últimos dez anos, mesmo num ambiente de crise económica sem precedentes”, a SPAL “ter feito conquistas”, “lamentavelmente, a conjuntura alterou-se drasticamente obrigando a empresa a fazer face a uma queda abrupta de atividade”. A empresa de porcelanas acrescenta que recorreu ao lay-off, “o único apoio de que a empresa beneficiou neste momento adverso, pese embora a SPAL seja detida em 35% pelo Estado, sob gestão da PME Investimentos”. Sem perspetivas de retoma de encomendas “para os níveis anteriores à pandemia”, a SPAL explica que encetou “negociações com algumas pessoas com vista a negociar a sua saída de modo a conseguir preservar os cerca de 260 trabalhadores que continuarão na empresa”. A queda de faturação deste ano face a igual período do ano passado foi de aproximadamente 40%.