Depois de uma infância vivida atrás do balcão a ajudar os pais nos espaços comerciais que geriam em Valado dos Frades, Anilda Sousa decidiu abrir portas a um negócio próprio em 1964. Hoje em dia, a paixão da octogenária é o maior “sustento” da “Loja da Anilda”, situado no Largo 1.º Maio.
Depois de uma infância vivida atrás do balcão a ajudar os pais nos espaços comerciais que geriam em Valado dos Frades, Anilda Sousa decidiu abrir portas a um negócio próprio em 1964. Hoje em dia, a paixão da octogenária é o maior “sustento” da “Loja da Anilda”, situado no Largo 1.º Maio.
A valadense sempre teve a certeza de que o comércio era o ramo profissional que devia seguir dada a experiência familiar e a estima pela proximidade com o cliente. “Quando casei em 1964 decidi comprar o espaço ao meu pai. Na época pagava-lhe uma renda mensal de 300 escudos”, conta a proprietária. Nem as necessárias obras de modernização, à data exigidas pelas “apertadas fiscalizações”, demoveram a mulher de assumir o negócio. “Fizemos tudo certinho. De um lado ficou a mercearia e do outro a taberna. À data era um dos espaços mais modernos e arranjados da freguesia. Até dava gosto”, recorda.
Inserida numa comunidade maioritariamente dedicada à agricultura, o comércio de sementes e adubos eram a especialidade da loja. Conta a proprietária que o espaço recebia “sementes de qualidade” de Lisboa e do Porto e chegou a ser um “campeão” de vendas de sementes a nível nacional. “E também vendíamos muito vinho. Cheguei a vender 100 litros de vinho tinto por dia porque as pessoas vinham encher as cabaças para levar para o campo”, confidencia a “menina” Anilda, como é tratada, sublinhando que o volume de negócio obrigou o marido a despedir-se para ajudar na gestão da taberna.
Durante largos anos o casal abriu portas aos primeiros raios de sol para atender aqueles que partiam para o campo cedo. Os dias de trabalho eram bastante preenchidos com um frenesim constante de clientes. Hoje, a realidade é bem distinta. “É certo que a minha loja também não acompanhou a evolução e não tenho forma de competir com as grandes superfícies, mas Valado já não tem tanta vida como antigamente”, analisa.
Os dias de Anilda são agora dedicados ao bordado, ofício interrompido pelos poucos clientes que visitam o espaço em busca dos raros artigos que ainda comercializa, nomeadamente comida para animais de criação. “As vendas são muito poucas e batalho comigo mesma para fechar o espaço. Mas faz-me falta esta rotina, esta gente. Mas todo o ciclo chega ao fim”, desabafa.
Ainda assim, “se a saúde permitir”, a menina Anilda planeia manter as portas abertas durante mais algum tempo. E assegura: “não é por teimosia”, mas sim por “amor” ao espaço ao qual dedicou toda a sua vida.