Sexta-feira, Maio 9, 2025
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Uma campanha solidária para alimentar a nossa cultura

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Há profissionais da cultura que deixaram de conseguir pôr comida na mesa. Quase todos são trabalhadores a recibo verde, muitos não têm qualquer rendimento desde o passado mês de março em que começou a pandemia e os que conseguiram recorrer aos poucos apoios para o setor viram essa ajuda terminar.

Há profissionais da cultura que deixaram de conseguir pôr comida na mesa. Quase todos são trabalhadores a recibo verde, muitos não têm qualquer rendimento desde o passado mês de março em que começou a pandemia e os que conseguiram recorrer aos poucos apoios para o setor viram essa ajuda terminar.

Para minimizar o impacto da pandemia estão no terreno grupos de ajuda alimentar criados também por profissionais da cultura.

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“#Ninguém fica para trás” é o mote da campanha solidária que o grupo informal União Audiovisual tem no terreno desde março, quando a pandemia teve início no País. A iniciativa, a que agora a Banda de Alcobaça se associou, traduz-se numa estrutura de entreajuda para apoiar, com bens alimentares e de primeira necessidade, profissionais da artes e espetáculos, artistas e técnicos afetados pela paralisação da atividade cultural.

Até final de janeiro, a Banda de Alcobaça recebe donativos nos dias úteis nas instalações na Rua Frei António Brandão, à entrada dos espetáculos e ações de formação realizadas pela Academia de Música de Alcobaça, à semelhança do que sucedeu no passado fim de semana nos concertos da programação Cistermúsica “Outros Mundos”.

“A Banda de Alcobaça procura mais uma vez afirmar-se como uma entidade atenta e sensível ao apoio a todos os profissionais artísticos e culturais que tantas dificuldades têm vivido na crise atual”, refere a instituição em comunicado de imprensa.

A iniciativa dos voluntários da União Audiovisual é elogiada pelo técnico de som João Tereso. “Não é por acaso que ajudam centenas de pessoas por todo o País todas as semanas”, constata o alcobacense, que foi pai há um mês e se sente “um felizardo” por não integrar o leque de profissionais do setor com necessidades alimentares. “Ainda consegui fazer alguns trabalhos no verão, mas há colegas que estão em situação bem pior e não têm qualquer atividade há nove meses”, refere João Tereso, que esteve de março até junho sem qualquer trabalho como técnico de som e logo desde o início da situação epidemiológica voltou a sua atenção para o projeto que desenvolvia, até então, nas horas vagas e sobretudo no inverno, quando os concertos ao vivo entram em pausa – a produção de vinho, que passou recentemente a comercializar.

“Vai demorar até voltarmos a ter alguma normalidade”, reconhece Rúben da Luz, que fala em “resiliência e espírito de sofrimento dos artistas”. Para o músico, será ainda mais difícil ultrapassar o estigma do vírus “porque vai ser complicado para o público voltar a ganhar confiança” e entrar em salas de espetáculo com a naturalidade de outrora. 

Alcobaça sem pedidos de ajuda

A União Audiovisual ajuda uma família na Nazaré e não recebeu qualquer pedido de apoio de profissionais do setor oriundos do concelho de Alcobaça, mas o facto de não haver solicitações não significa que não haja necessidades, reconhece Alex Santos, voluntário da União Audiovisual e responsável pela zona Oeste.

“As pessoas vão-se aguentando até conseguirem, mas também poderá haver vergonha em pedir ajuda. Trabalhamos por conta própria, estamos habituados a ser independentes e dificilmente pedimos ajuda”, analisa.

No País estão a ser ajudadas 210 famílias, um número que tem vindo a crescer. “As coisas têm vindo a complicar-se”, nota.

Pelo meio ficaram os parcos apoios da Segurança Social, que entretanto terminaram, e a ajuda, de uma única tranche, do Fundo Solidariedade e Cultura, num valor pouco mais elevado que o ordenado mínimo nacional.

“A cultura tem sido posta à margem por todos os setores da governação e interessa pouco a um País como o nosso”. A crítica é do trombonista Rúben da Luz, que aplaude a União Audiovisual, mas aponta o dedo à administração central.

“Mais uma vez, são os cidadãos que estão a substituir as responsabilidades do Estado”, reflete o músico, que também se viu forçado a deixar as atuações ao vivo e se dedica aos trabalhos gravados.

“É uma adaptação forçada”, reconhece Rúben da Luz, que teve de recorrer a algumas poupanças e “felizmente” tem poucas despesas. Da Segurança Social recebeu “um apoio simbólico um dia antes de receber o IRS para pagar”, diz o músico de Alcobaça com ironia.

Sem fim à vista no que à pandemia diz respeito, e apesar das boas notícias da vacina, a luz ao fundo do túnel para os profissionais do audiovisual é igualmente ténue. “O mais angustiante é não sabermos quando podemos ter a nossa vida de volta e estarmos sem saber se vai durar três, seis meses ou um ano”, testemunha João Tereso.

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