O mais recente relatório de atividades da Loja Social da Nazaré dá conta que só o ano passado pediram ajuda 49 novas famílias, o que corresponde a 115 novas pessoas. Todas do 1.º escalão social.
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No total, aquele serviço da Junta da Nazaré regista 463 pessoas inscritas, das quais a maioria (324) são do 1.º escalão, 111 do 2.º escalão e as restantes 28 do 3.º escalão social.
Às 115 pessoas acompanhadas em 2022 juntam-se os “inúmeros pedidos de ajuda” por parte de instituições como a Comissão de Proteção de Crianças e Jovens, a Câmara da Nazaré, as Juntas de Valado dos Frades e de Famalicão e a Segurança Social. “Da comunidade em geral recebemos pedidos de ajuda principalmente da comunidade de emigrantes e refugiados ucranianos”, lê-se no relatório da Loja Social, a que o REGIÃO DE CISTER teve acesso.
Tratam-se de casos de emergência social que levaram a instituição a dar resposta a mais 34 agregados familiares, além dos já inscritos naquele serviço.
As famílias recebem um cabaz alimentar uma vez por mês ou de dois em dois meses, consoante o escalão. Entre os artigos entregues pela Loja Social da Nazaré estão arroz, massa, ovos, atum, salsichas, bolachas, grão, feijão, leite, açucar, farinha, café, cereais e azeite ou óleo. A quantidade de artigos depende do stock que a Loja Social tem e da afluência dos pedidos.
Os inscritos que realizam as principais refeições em cantinas escolares recebem, independentemente do escalão social, uma vez por mês, alimentos para lanche e pequeno almoço. No Natal, ao cabaz habitual, a Loja Social da Nazaré junta bacalhau e azeite.
A par da entrega de alimentos, a função da Loja Social também é importante na atribuição de vestuário. Todos os inscritos podem levantar, até duas vezes por mês, roupas e artigos diversos que necessitem. Também podem ser atribuídos móveis e eletrodomésticos de pequena e grande dimensão.
Para responder às necessidades, a Loja Social conta com vários parceiros, entre os quais a Cruz Vermelha de Peniche e a Docapesca Nazaré, bem como doações de pessoas, instituições e empresas.
O aumento do número de pedidos foi abordado pelo deputado municipal, Samuel Fialho, na última sessão da Assembleia Municipal. “Há um conjunto de políticas da nossa responsabilidade que contribuem para este estado de pobreza na Nazaré”, considerou o eleito da CDU, para quem o problema “tem de ter uma resposta integrada e não pode ser cada um a remar para seu lado”. Samuel Fialho considerou tratarem-se de “números complicados” e pediu que “numa próxima revisão orçamental se considere aumentar a dotação” das verbas afetas ao serviço. São dados que suscitam “reflexão”, considerou ainda Samuel Fialho.
“Quando houver necessidade, as verbas serão alocadas e sempre que a vereadora da Ação Social considerar que é relevante, ninguém ficará para trás”, garantiu o presidente da Câmara, lembrando que a Loja Social “não é um projeto inscrito no orçamento da Câmara”.
Walter Chicharro sublinhou que o orçamento pode ser ajustado noutros momentos, realçando a necessidade de os organismos trabalharem de forma coordenada, por forma a evitar a duplicação de respostas sociais. O autarca socialista lembrou também os apoios sociais, como o apoio à natalidade e a redução de tarifários para famílias carenciadas.
“Temos de nos centrar na rede social, que pode avaliar quem tem mesmo carências e quem se aproveita do sistema”, considerou a vereadora da Ação Social, Regina Piedade.