Da receita pouco ou nada muda, mas a verdade é que durante quatro dias do ano, as ruas da vila de Aljubarrota, que dá nome a uma das batalhas mais emblemáticas na história de Portugal, estão sempre cheias, com centenas de figurantes e milhares de visitantes.
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Em frente à taverna medieval da Santa Casa da Misericórdia de Aljubarrota, Bárbara Mathias pediu ao REGIÃO DE CISTER para tirar uma fotografia com o marido e os filhos ao lado de um figurante. Após o registo, a brasileira, de 26 anos, confidenciava que era a primeira vez que visitava o evento. “É um espaço muito bom para quem gosta de conhecer a história e ver artefactos antigos”, justifica a jovem, elogiando a oferta dos divertimentos para os mais pequenos. “A feira é agradável para visitar em família. As atrações medievais são perfeitas para as crianças se divertirem”, finaliza a visitante.
Mais acostumado a estas andanças, trajado a rigor, encontramos Vítor Freitas. Enquanto espera por “candidatos” para andar no carrossel medieval, o jovem, de 29 anos, trabalhador da empresa responsável pelas atrações medievais, conta ao REGIÃO DE CISTER aquela que foi a primeira experiência em Aljubarrota. “Percorri, com a firma, várias feiras medievais de norte a sul do País. Vi em Aljubarrota adereços decorativos e caracterizações que não vi noutro lado”, destaca o feirante, enaltecendo a feira medieval da vila entre as que já marcou presença.
A verdade é que a caracterização da feira medieval de Aljubarrota é um dos aspetos mais elogiados pelos milhares de pessoas que passam pelo evento. A interação entre figurantes e visitantes é constante e “uma forma dinâmica e apelativa de dar a conhecer passagens importantes da história de Portugal”. Quem o diz é Ivo Vilaça, após tirar uma fotografia com uma família e antes de integrar o cortejo oficial de abertura. O “besteiro”, membro da “Companhia Livre” – entidade responsável pela animação do evento – realça a importância do trabalho de todos os figurantes. “Estamos aqui para animar a feira e também para ensinar as pessoas que queiram saber um pouco mais sobre outras histórias menos conhecidas, mas muito importantes para compreender alguns enredos inerentes à batalha de Aljubarrota”, explica. Pela segunda vez a participar no Aljubarrota Medieval, Ivo Vilaça explica as principais diferenças no que à animação diz respeito. “Manteve-se uma linha muito idêntica à do ano passado, mas com alguns espetáculos diferentes, ainda assim a aposta na animação foi maior porque no ano passado estiveram cerca de 300 figurantes e este ano chegámos aos 400”, nota o “besteiro”.
Apesar do evento continuar a atrair mais público, existe quem não esteja satisfeito com algumas decisões tomadas pelas entidades organizadoras. É o caso de Silvino Correa, de Aljubarrota, figurante que participa desde a primeira edição. “Estamos a perder o que antigamente existia. Os voluntários da terra, que fazem a sua animação gratuitamente por amor, têm sido substituídos por pessoas de fora que são pagas pela organização”, lamenta Silvino Correa.
As velharias, a animação e as tavernas medievais foram algumas das principais atrações que atraíram milhares de visitantes durante os quatro dias do evento. Para o presidente da Junta de Aljubarrota, José Lourenço, a edição deste ano superou os cerca de 40 mil visitantes do ano passado.
Hino de Aljubarrota revelado ao público
O hino de Aljubarrota soou, pela primeira vez na história, na passada segunda-feira, na sala nobre da Junta de Aljubarrota. O momento foi presenciado por dezenas de pessoas, no fim da cerimónia de geminação com as freguesias de Aljubarrota e da Vila de São Sebastião.
A letra do hino foi escrita por Maria Amélia Cordeiro e inspira-se em toda a história de Aljubarrota, nomeadamente no episódio da batalha contra os castelhanos. São também mencionados símbolos da terra como Brites de Almeida, a lendária padeira de Aljubarrota.
A melodia foi composta pelo maestro do Grupo Coral Cantibaça, Bruno Santos, que também foi responsável por musicalizar a letra. Para o maestro, o hino é mais um símbolo que se anexa ao nome da freguesia. “Para uma terra que já é conhecida pela sua história, o hino representa mais um elemento distintivo da freguesia”, explica Bruno Santos ao REGIÃO DE CISTER.
O Grupo Coral Cantibaça foi responsável por entoar o hino de Aljubarrota pela primeira vez.
Sobre a geminação, no discurso para os presentes, após a assinatura e troca de lembranças, o presidente da Junta de Aljubarrota, José Lourenço, e o homólogo da Vila de São Sebastião, Guilherme Bizarro, destacaram as semelhanças históricas que justificaram esta união e mostraram-se entusiasmados com o futuro após o acordo.