Uma área de localização empresarial em Famalicão, o apoio à criação de startups, a instalação de unidades hoteleiras diferenciadas e a criação de uma piscina atlântica estão entre os projetos estruturantes que os anteriores presidentes de Câmara da Nazaré defenderam para o desenvolvimento do município, este sábado, no Círculo Cultural “Mar-Alto”, naquela que foi a primeira sessão de um ciclo de debates sobre o futuro do concelho.
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A Associação Nazaré Marés de Maio juntou Luís Monterroso (presidente de 1982 a 1993) e Jorge Barroso (autarca de 1993 a 2013), para discutirem que linhas devem nortear o crescimento de um concelho “com muitas potencialidades, mas pequeno e com poucos meios para o seu desenvolvimento”, como caracterizou Luís Monterroso.
O antigo autarca traçou o diagnóstico, para constatar que a sazonalidade do turismo significa também trabalho temporário, pouco atrativo, pelo que a resposta está na criação de trabalho diferenciado, em áreas como as ciências do mar. “Se não tivermos emprego qualificado, não temos fixação de jovens”, sublinhou o socialista, que considera prioritário fazer investimentos de monta, como uma nova área da localização empresarial, que, quanto ao antigo autarca, deveria ficar situada em Famalicão.
Luís Monterroso defende a criação de respostas, “que não devem ser só na sede de concelho”, através da criação de “turismo qualificado” entre o Porto de Abrigo e a Praia do Salgado, local ideal para a instalação de unidades hoteleiras diferenciadas e para a criação de uma piscina atlântica, junto ao molhe Norte do Porto de Abrigo. “Se não tivermos novos hotéis, não vamos ter turismo qualificado”, disse ainda Monterroso, que lembrou que “a onda, que já cá estava, é sazonal, pontual”.
“Para termos trabalho qualificado temos de ter outro tipo de economia”, concordou o ex-presidente, Jorge Barroso, que defendeu ainda a criação de startups para “dar condições aos jovens empreendedores”. Para o antecessor de Walter Chicharro, deve ser criado um edifício com espaços para a instalação de empresas e negócios a baixos custos.
O futuro da Nazaré deve ainda passar pela criação de um polo universitário, à semelhança do que sucede em concelhos como Peniche ou Caldas da Rainha, sustentou Luís Monterroso. “O turismo é importante, mas são precisas mais propostas estruturantes”, referiu o antigo presidente, para quem “a Nazaré pode ser uma das terras mais prósperas e desenvolvidas do País”.
O calendário é fundamental na preparação do futuro, concordam os anteriores presidentes. Jorge Barroso lembrou que a Área de Localização Empresarial (ALE) de Valado dos Frades “demorou 25 anos a fazer”, pelo que a criação de uma futura ALE no concelho “tem de ser começada já”. Sobretudo pela questão do financiamento comunitário. “Se não tivermos preparados, não podemos concorrer ao Plano de Recuperação e Resiliência”, avisou Luís Monterroso.
O encontro, moderado pelo jornalista Joaquim Paulo, ficou também marcado pelo debate em torno da habitação, com ambos os antigos autarcas a defenderem mais habitação social e respostas para os jovens. “Se não tivermos habitação a custos controlados, vamos ter um problema grave”, resumiu Monterroso, lembrando que “o turismo leva ao aumento de preços, o que não é suportável para as pessoas”. Para o antigo autarca, a resposta está em parcerias entre a Câmara e a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré.
Os antigos presidentes de Câmara sustentaram ainda que o mar deve ser também uma fonte de ciência na Nazaré, a juntar às tradicionais pesca, turismo e atividades náuticas.
A Associação Nazaré Marés de Maio quer ver o futuro do concelho debatido pela população e vai replicar o debate público deste sábado, de forma descentralizada pelas freguesias, durante os próximos meses, explicou ao REGIÃO DE CISTER o coordenador executivo da Direção, Rui Gerardo, que enalteceu a participação de Monterroso e Barroso.