Antigamente “via muitas novelas, agora nem por isso”, pois passa “a maior parte do tempo a tricotar”. É com entusiasmo, uma agulha na mão e os olhos postos no casaco de malha, que Amélia Lopes descreve como tem sido a participação num projeto solidário que a Universidade Sénior da Benedita (USB) está a desenvolver e que visa a doação de roupas e outros adereços à Maternidade de Abrantes, pertencente ao Centro Hospitalar Médio Tejo.
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A aluna – que só aprendeu a tricotar em outubro, mas que já faz peças de malha completas – integra o grupo de dez elementos que está a colaborar com o intuito de ajudar aquela unidade hospitalar.
Desde setembro que as tardes de segunda-feira são “sagradas” para aquela turma da USB, que se junta no antigo Jardim de Infância da Benedita para meter mãos à obra.
Natália Santos é uma das principais responsáveis pelo projeto e pelo espaço “Telas, Linhas, Lãs/Costura”. Talica, como é conhecida na comunidade, explica que os artigos que estão a ser feitos destinam-se a bebés imigrantes recém-nascidos.
“Algumas mães, oriundas de países com grandes diferenças culturais, vão para a maternidade apenas com o bebé na barriga. Não preparam mais nada”, justifica. Nesse sentido, e pelo crescente número de imigrantes nas localidades circundantes, a Maternidade de Abrantes está a aceitar donativos para vestir os recém-nascidos daquelas famílias durante e após o período em que permanecem na maternidade.
Entre cueiros, casacos, gorros, botas e mantas, são muitos os elementos que compõem os enxovais que estão a ser preparados para serem entregues no mês de março. O tecido e as malhas são as principais matérias-primas, sendo compradas pelas próprias voluntárias, que também aproveitam os excedentes que têm “perdidos” em casa.
Os trabalhos na Universidade Sénior da Benedita dividem-se em duas componentes: o tricô e a costura. “Aproveitamos as capacidades de cada membro do grupo nas áreas que mais gostam e todas juntas, aprendendo umas com as outras, vamos fazendo peças”, conta Natália Santos, acrescentando, prontamente, que “o gosto, o amor e o carinho” estão presentes em todos os processos de confeção das roupas até à última linha tricotada.
O envolvimento da Universidade Sénior da Benedita neste projeto solidário também tem sido muito benéfico para as dez voluntárias empenhadas em fazer o máximo de peças de roupa. Maria Fonseca também faz parte grupo e é a costureira de serviço. Além do seu esforço poder vir a ajudar quem precisa, a participação na atividade tem ainda mais benefícios, que a própria explica, sem perder o foco da bainha que está a ultimar num cueiro.
“Para nós isto é como uma terapia, saímos de casa, convivemos e fazemos o que gostamos”, relata, salientando que o ingrediente chave para a costura é “a paciência”.
Até março, a USB continuará a missão nas tardes de segunda-feira, sendo que, juntamente com as peças ali produzidas vão ser entregues artigos oferecidos por outros beneméritos.
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