A economia de Turquel é caracterizada por setores de diversas áreas de atividade e pela resiliência dos seus empresários que trabalham todas as horas possíveis para que o negócio floresça. Entre a construção, a serralharia, os transportes e a fruticultura, salientam-se a indústria de extração de inertes e a agropecuária, principalmente a suinicultura, como duas das atividades mais representativas da freguesia.
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A Sérgio Bento, Unipessoal dedica-se ao comércio de suínos e de rações no mercado nacional. Prestes a celebrar uma década de atividade, a empresa é um caso de sucesso, representativo daquilo que é o empenho e a persistência demonstrada pelos empresários locais. “Tudo começou em 2014 quase como uma brincadeira, em que comercializávamos 40 suínos por semana para um cliente em Mafra”, começa por contar um dos quatro funcionários da entidade. João Bento elucida ainda que o negócio foi aumentando e passado dez anos, o número de suínos comercializados, por semana, é cerca de 3 mil.
A agregar ao ramo da suinicultura, a Sérgio Bento, Unipessoal opera também na venda de rações há cerca de três anos, sendo revendedora da marca Valouro, após ter adquirido um pequeno armazém na freguesia de Évora de Alcobaça. “O meu pai trabalha no estabelecimento desde os 15 anos, tendo desenvolvido a empresa na suinicultura em paralelo. Com o crescimento do próprio negócio, pensou em abdicar do emprego, mas os patrões não deixaram”, explica a filha de Sérgio Bento. Joana Bento, estudante de medicina veterinária na área da suinicultura, acrescenta que, naquele momento, foi tomada a decisão de adquirir o armazém, anexando outra área de negócio à entidade.
A empresa sediada na localidade de Covão do Milho posiciona-se no 24.º lugar do ranking das 250 Maiores empresas dos concelhos de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós, relativo ao ano de 2022, sendo a maior da freguesia de Turquel, com uma faturação na ordem dos 15,6 milhões de euros.
Sérgio Bento, fundador e administrador, salienta todos os sacrifícios necessários para alcançar a referida classificação. “É preciso mesmo muita resiliência. Trabalhamos ao sábado, ao domingo, nos feriados e até em dias especiais como na Páscoa ou no Natal. Não temos horários, nem férias e prescindimos de muita coisa em prol do trabalho”, justifica o empresário.
Também na localidade de Covão do Milho está sediada a Santos da Pedra, que se distingue pela extração de inertes, desde 1993.
O negócio começou quando o fundador da empresa se apercebeu que vender pedra que arrancava “à mão, com uma pá e uma picareta” nos terrenos que o avô tinha na serra rendiam mais em dois dias do que um mês a “cavar vinha”. A partir desse momento, montou o negócio, vendendo pedra “com muita facilidade até 2010”, até ao momento da “crise no setor da construção”. Hoje, Gilberto Pedro continua a ser o único elemento da empresa responsável pelo trabalho de extração na pedreira, ainda que recorrendo a recursos mais eficientes do que quando começou.
Atualmente com 14 empregados, a empresa notabiliza-se pelo baixo historial de despedimentos. “A nossa política é de estabilidade. Temos consciência que o setor da pedra é instável e, por isso, não entramos em loucuras. Preferimos não aumentar a faturação quando o negócio está em alta para não ter de contratar pessoal, que no futuro teremos de despedir se enfrentarmos um período mais complicado”, explica o atual administrador.
Deste modo, Gilberto Pedro prefere “ter os pés assentes na terra”, promovendo, desse modo, a qualificação dos colaboradores da entidade. “Quando um trabalhador novo entra na empresa é para uma função específica. Assim, tem a oportunidade de aprender e evoluir e nós conseguimos ter um profissional cada vez mais capacitado”, afirma, realçando também as dificuldades no recrutamento de mão de obra.
O mercado nacional e o mercado francês são os principais destinos do produto da Santos da Pedra que aposta também na área da construção, trabalhando a pedra quer em habitações, quer em muros de suportes de terras.
IC2 é porta do País
O Itinerário Complementar 2 (IC2), que liga as grandes metrópoles Lisboa e Porto é uma via rodoviária contínua à Estrada Nacional 1 (EN1), sendo também uma autêntica montra para as empresas que se fixam nas suas imediações.
Em Turquel, a IC2 “rompe” a freguesia numa extensão de cerca de cinco quilómetros. Ao longo deste trajeto, considerando as duas margens da estrada, existem mais de 30 empresas com ligação direta à via, dado que salienta bem a importância daquele acesso para a freguesia.
A Santos da Pedra é uma das empresas que possui um alvará junto da variante. Neste local, transforma e armazena a pedra que é extraída na pedreira, mas é nas vendas que se reflete a vantagem da ligação ao IC2. “Facilita bastante o processo porque as pessoas passam, vêem o produto e vêm até nós. Conseguimos muitos clientes deste modo”, explica Gilberto Pedro, admitindo que o “preço mais caro do terreno junto à estrada acaba por compensar”. A exposição dos serviços e do produto é apenas uma das muitas vantagens da referida localização. A outra é, logicamente, a acessibilidade. “É uma porta brutal para Norte e para Sul do País, na perspetiva da saída do produto, mas também devemos considerar o contrário porque o excelente acesso nos facilita muito a transferência da matéria-prima da pedreira para as instalações onde será trabalhada”, argumenta o empresário turquelense.
A ligação gratuita entre Porto e Lisboa beneficia também as empresas nos arredores que rapidamente chegam à estrada.