Sustentabilidade e eficiência são duas das características que marcam o projeto “Água no Oeste”. A iniciativa, que visa a elaboração de um plano hídrico municipal, foi apresentada no passado dia 23 de abril num workshop conduzido pela Associação de Produtores de Maçã de Alcobaça (APMA), em parceria com a Câmara de Alcobaça e com o apoio da Associação Nacional de Produtores de Pera Rocha e da Associação Interprofissional de horticultura do Oeste. “Água no Oeste” pretende maximizar a eficiência dos recursos hídricos disponíveis na região, através de um conjunto de estratégias que aumentem a quantidade de água disponível e armazenada.
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Na sessão, que decorreu no Cine-teatro de Alcobaça João D’Oliva Monteiro, o vereador da Câmara de Alcobaça com o pelouro da Agricultura explicou os detalhes da estratégia que será aplicada no concelho. “Há quilómetros de linhas de água, permanentes e temporárias, que se não forem retidas devidamente acabam por perder-se para o oceano”, explicou Paulo Mateus, que apontou para o trabalho realizado no regadio da Cela como um exemplo a seguir, na otimização de recursos hídricos para a agricultura no concelho.
Do plano hídrico municipal faz também parte o futuro regadio da Maiorga, que englobará uma área de 356 hectares – distribuídos entre territórios da União de Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes, da Maiorga e da União de Freguesias de Alcobaça e Vestiaria –, e terá ligação ao regadio da Cela, comportando um investimento de cerca de 8 milhões de euros. Foi realizado um estudo prévio sobre esta parcela do projeto que já se encontra integrada no plano nacional de regadios e vai beneficiar 407 agricultores.
Foi ainda identificado o potencial de regadio do Vale do Baça, que está numa fase de estudo preliminar. A área abrangida será de cerca de 1,8 mil hectares nas freguesias de Cela, Bárrio, Vimeiro e Turquel, tendo 320 beneficiários. Mais a sul no concelho, estão também a ser realizados estudos preliminares numa área de cerca de mil hectares, pertencentes às freguesias de Alfeizerão e São Martinho do Porto, que poderão satisfazer as necessidades de 320 beneficiários.
Integrada no plano hídrico municipal está ainda a recuperação do Açude da Fervença. Além disso, o uso de águas para reutilização (ApR), provenientes de estações de tratamento de águas residuais (ETAR) foi também uma das soluções apresentadas, tal como a utilização da água proveniente do tratamento de resíduos orgânicos para a recarga de aquíferos ou diretamente para a rega no Vale do Baça.
O engenheiro Jorge Froes também interveio na apresentação do projeto “Água no Oeste”, enumerando soluções como o aumento da recarga dos aquíferos subterrâneos, a redução de usos não agrícolas das águas subterrâneas, a construção de barragens e açudes, a reestruturação e integração de sistema de rega, o uso de Água para Reutilização e águas dessalinizadas e transvases, apontando como próximos passos a execução do plano hídrico municipal e a maximização dos caudais de infiltração para os aquíferos.
O projeto “Água no Oeste” é um plano de intervenção com olhos postos nas consequências das alterações climáticas.