O primeiro dia de setembro foi um dia em cheio em Vale Furado, palco do maior evento de sempre naquela praia, um arraial com caminhada que juntou 250 participantes e 30 organizadores. A festa deu a conhecer a beleza natural da localidade, a história centenária e a sua ligação aos frades de São Bernardo.
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“Bom é palavra curta para descrever. Foi excelente. Foi um dia fantástico para celebrar Vale Furado”, resume o presidente da Associação de Moradores e Amigos (AMA) de Vale Furado. Nelson Oliveira não poupa elogios à organização, que começou a trabalhar meses antes, e aos muitos patrocinadores, que tornaram possível o convívio à mesa de quase três centenas de pessoas. Contas feitas, 600 sardinhas, 80 quilos de frango assado, três sopas diferentes, 450 pães, 50 broas, outras tantas sobremesas e mais de 100 litros de vinho passaram pelas mesas do 1.º Arraial da AMA Vale Furado, possível também graças ao apoio logístico da União de Freguesias de Pataias e Martingança e da Câmara de Alcobaça.
A caminhada, que deu o mote para a festa, arrancou às 8:30 horas do estacionamento da praia para o Vale do Inácio, percorrendo o areal de regresso à zona superior de Vale Furado. O percurso de mais de seis quilómetros foi pensado por Agnelo Ferreira, do grupo Sola de Alparcata.
O pequeno folheto editado pela AMA, com a história de Vale Furado, foi recebido com surpresa pela maioria dos participantes, onde se contabilizou o maior grupo, com 40 pessoas do Alcobaça em Andanças. “Vale Furado tem uma ligação umbilical com a cidade de Alcobaça”, nota Nelson Oliveira, que explica que a primeira referência remonta a 1155, quando Fuas de Belfurado, cavaleiro chufador do recentemente criado Reino de Portugal, residente na região de Leiria terá recebido as terras por meritórios serviços prestados a D. Afonso Henriques, ficando esta região conhecida por “Terras de Belfurado”. De acordo com a publicação da AMA, que faz referência a documentos consultados na Torre do Tombo, entre 1740 e 1750 foram mandados construir, pelos frades de São Bernardo, seis moinhos de água, ao longo da Ribeira de Belfurado. “Inicialmente os Frades vinham de Alcobaça maioritariamente de burro, traziam os cereais (caso do milho) para moer e depois regressavam com o produto (farinha)”, lê-se na publicação. Os moinhos, que foram as primeiras edificações em Vale Furado, acabariam por ser entregues a algumas famílias para exploração e, com o fim das ordens religiosas, os arrendatários tornaram-se proprietários dos moinhos e passaram a pagar impostos até ao fim da atividade, que ocorreu entre 1940 e 1950.
A história, desconhecida da maioria, foi um dos momentos altos da festa, que contou ainda com a atuação dos Amigos dos Cavaquinhos.