A cerâmica continua a ser um dos principais setores económicos da freguesia do Juncal. Embora sem a expressão de outros tempos, a verdade é que, aos dias de hoje, ainda existem na freguesia empresas que são referências nacionais. A Cerâmica F. Santiago é uma das que se destaca no setor, distinguindo-se no fabrico de tijolo desde 1946.
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“Tudo começou pela mão do meu avô, Fernando Santiago, em 1946. Ele era também muito ligado à agricultura, mas passado alguns anos enveredou somente pela área da cerâmica”, começa por explicar o atual administrador da empresa. Pedro Santiago conta que, à data, a entidade sediada na localidade de Albergaria (freguesia do Juncal) laborava em “tudo o que era de barro como tijolo, abobadilha e telha”.
Ao longo dos anos da atividade, a Cerâmica F. Santiago especializou-se na produção de tijolo. Atualmente, o tijolo tradicional ainda é o artigo mais vendido, contudo, a exigência do mercado motivou a empresa a apostar, nos últimos cinco anos, no desenvolvimento do tijolo térmico, que tem ganhado cada vez mais preponderância no mercado. “É desenvolvido por nós e por entidades externas que nos ajudaram a criar um produto que vá ao encontro das necessidades do cliente e do ambiente que temos em Portugal”, partilha o dirigente. “É um tijolo tradicionalmente bom, feito de barro. É robusto, permite poupar energia, ter uma boa temperatura no interior da residência e garante uma construção resistente, amiga do ambiente. Todo o nosso processo é natural, tendo o barro como matéria-prima, e o produto de queima composto por várias misturas de biomassa”, acrescenta.
De acordo com a publicação das 250 Maiores Empresas de Alcobaça, Nazaré e Porto de Mós, a Cerâmica F. Santiago faturou 5,2 milhões de euros em 2023. Pedro Santiago adiante que o mercado interno é o único foco da empresa. “Estamos virados apenas para Portugal. Porque estamos a referir-nos a um produto pesado, em que a componente de transporte tem um custo muito significativo no tijolo. Quando pensamos que um tijolo viaja daqui para o Algarve, já temos de considerar que o custo do transporte é 30 ou 40% do preço do tijolo. Para fora do país é impensável porque o preço quase duplicava só pelo custo logístico”, esclarece o empresário, detalhando que a grande zona de intervenção da empresa é entre Leiria e o Algarve.
Entre motoristas, pessoas da manutenção, escritórios e parte operativa, a Cerâmica F. Santiago conta com 30 colaboradores, tendo uma produção que ronda as 300 toneladas por dia, sete dias por semana. Relativamente à matéria-prima, a empresa tem exploração própria de argila na zona Norte do concelho de Alcobaça, com uma reserva que prevê abastecer a indústria nos próximos 30 anos.
Desde 2020 para cá, a empresa tem feito um “investimento muito grande na renovação e modernização de alguns equipamentos de produção e na melhoria das condições de trabalho dos colaboradores”. Para este ano de 2025, a administração já tem perspetivados vários investimentos com o intuito de “aumentar a eficiência energética na empresa”, mantendo com o compromisso de continuar a “melhorar o trabalho das pessoas na empresa, o ambiente e a qualidade dos postos de trabalho”.
Empresa é uma das nove cerâmicas de tijolo do País e celebra oito décadas em 2026
Em Portugal continental, existem apenas nove cerâmicas de tijolo. A maioria delas está sediada no Norte do País, motivo que leva a Cerâmica F. Santiago a focar-se mais no mercado a Centro e Sul. Ser uma das poucas empresas que laboram no fabrico de tijolo em Portugal é uma prova de resiliência da entidade sediada na freguesia do Juncal. “É um setor de altos e baixos, em que os altos são bons e os baixos são muito maus. Em 2000, havia 300 fábricas de tijolo no País. Hoje há apenas nove”, frisa Pedro Santiago. “Passámos por um período mau em 2008, mas conseguimos resistir com muita dificuldade, durante os anos seguintes não investimos, processo que estamos a reverter agora após uma temporada mais favorável”, completa o administrador da empresa que celebra oito décadas de atividade em 2026.