Um grupo de alunos do 12.º ano do curso de Ciências e Tecnologias da Escola Secundária D. Inês de Castro de Alcobaça (Esdica) conquistou um lugar na final nacional da 12.ª edição do CanSat Portugal, competição
que desafia os estudantes a criar e lançar um satélite em miniatura.
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A equipa “CANssini”, composto por Alexandre Lopes, Francisco Dias, Martim Nogueira, Pedro Alexandre, Rodrigo Valério e Teodora Martins, sob a orientação do professor António Martins, quis honrar Césarrançois Cassini de Thury, também conhecido como Cassini III, que criou um mapa completo de frança.
Ora, 280 anos depois, o grupo desafia-se a fazer um mapeamento topográfico e térmico da superfície terrestre.
Cada equipa da competição deve idealizar um projeto científico para o seu CANSAT que integre duas missões obrigatórias, designadas por missão primária e missão secundária.
A missão primária da CANssini consiste na medição da pressão atmosférica e da temperatura e na transmissão destes dados por telemetria para a estação terrestre, e a missão secundária passa pelo desenvolvimento de um mapa topográfico e de um mapa de temperatura da superfície.
O mapa topográfico será obtido através de fotogrametria (o processo de reconstrução da estrutura tridimensional de um dado ambiente através de várias fotografias do mesmo cenário), especificamente pelo método Structure From Motion, sendo a implementação destes algoritmos da autoria dos estudantes.
As fotografias serão tiradas com uma câmara de alta definição aliada a um localizador de GPS que permitirá situar as fotografias no seu contexto geográfico.
Por sua vez, o mapa de temperatura do solo será construído com uma câmara do espetro infravermelho.
Além das câmaras e localizador GPS, será usado um Arduino Nano para efetuar as medições dos sensores da missão primária e um Raspberry PiZero para receber, processar e guardar as imagens das câmaras num cartão SD.
A missão foi desenvolvida com o objetivo de “criar microssatélites de emergência que permitam uma resposta imediata a catástrofes, disponibilizando informações essenciais para a monitoração destas”, descreve a equipa.
As vantagens deste tipo de dispositivo em relação a outras estratégias de mapeamento são o baixo custo de produção, o curto tempo de atuação e a retornabilidade (o aparelho é recuperável).
Além disso, as técnicas utilizadas podem ser aplicadas no contexto da exploração espacial.
A final nacional do CanSat Portugal será realizada na ilha de Santa Maria, nos Açores, durante os primeiros dias do próximo mês de maio.
Os satélites das equipas serão lançados a partir de um pequeno foguetão, atingindo uma altitude de 1000 metros antes de serem libertados para cumprir as suas missões.
O CanSat Portugal é um projeto educativo destinado aos estudantes do ensino secundário, estando a coordenação nacional a cargo do ESERO Portugal desde 2014.