É no ateliê que Regina Dionísio é feliz. E é também nesse local que se sente realizada profissionalmente. Esta é a história de uma mulher nascida e criada em Alcobaça, que tem “costurado” a sua vida entre linhas e máquinas de costura. A paixão surgiu ainda em tenra idade, com 12 anos, sem que nenhum antepassado tenha tido influência nesse caminho.
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Começou a costurar durante as férias escolares, numa época em que as meninas eram incentivadas a aprender o ofício da costura. Acabou por se dedicar aos estudos e, mais tarde, trabalhou como técnica administrativa. Contudo, permaneceria apenas sete anos nesse ofício, pois a paixão pela costura falou mais alto.
“O bichinho ficou sempre lá. Gostava de ver as peças a ganharem forma”, recorda Regina Dionísio, que, então, decidiu formar-se na área da costura, sempre em part-time. Nesse período, começou a costurar algumas peças para uso próprio e para um círculo próximo de amigos. “As coisas começaram a desenrolar-se assim e, depois, fui trabalhar para uma empresa de confeção de roupa, que tinha uma loja no centro comercial”, prossegue. “Fazíamos tudo o que fosse camisas para homens”, explica ao REGIÃO DE CISTER.
Entretanto, depois dessa passagem, Regina Dionísio decidiu estabelecer-se por conta própria. Em 2003, abriu o seu ateliê, num espaço contíguo à sua residência. Mesmo com o espaço de trabalho devidamente equipado, passou por várias empresas para evitar o “stress” de não ter um horário fixo. “O facto de trabalhar por conta própria, como disse, limitou muitas vezes a minha vida. Chegava a fazer duas noites seguidas de trabalho para ter tudo pronto a tempo para os meus clientes”, justifica a profissional.
Seguiram-se, assim, duas experiências por “conta de outrem”, mas o destino estava mesmo “costurado”: regressou ao seu ateliê.
Hoje, aos 57 anos, trabalha naquele espaço todos os dias, das 9 às 18 horas. No entanto, Regina Dionísio trabalha exclusivamente para marcas, tendo de confecionar uma série de peças todos os dias.
Apesar de confessar ser menos exigente em relação aos ritmos e horários de trabalho, a costureira não abdica de continuar a explorar a sua criatividade. “Gosto sempre de criar as minhas próprias peças”, confessa, destacando que a “vertente criativa” é muito “empolgante”. “Costumo dizer que, primeiro, fazemos uma avaliação psicológica do cliente para depois saber até onde a nossa imaginação pode ir”, brinca a alcobacense. “Ainda hoje mantenho amizades que surgiram a partir de uma peça de roupa que confeccionei para essas pessoas. E tenho casos de pessoas que me dão total liberdade. Dizem-me para estar à vontade porque já as conheço”, graceja.
No percurso profissional, a alcobacense dedicou horas incontáveis à costura, que considera ser a “profissão” da sua vida, mas não só na execução. “É preciso também aprender, por isso, ainda hoje faço formações na área”, revela, certa de que esses novos conhecimentos serão essenciais para o futuro.
Além disso, como avança, a costureira tem como objetivo, além de expandir o seu ateliê, ministrar algumas formações a futuras costureiras. “Antigamente, a costureira era a mulher que ficava em casa e tomava conta dos filhos. Hoje, felizmente, já não é assim”, compara Regina Dionísio, sempre com um sorriso de uma “orgulhosa costureira”. “É aqui que sou feliz e quero terminar a minha jornada profissional”, remata a costureira, garantindo que a costura não é apenas uma profissão, mas uma verdadeira paixão que lhe transformou a vida e que serve de exemplo aos seus pares.