Mélvoa, Pisões e os Paios são localidades da União de Freguesias de Pataias e Martingança sem saneamento básico, um problema que nenhum autarca conseguiu ainda ultrapassar. Contudo, há uma empresa de construção que está a adotar uma solução amiga do ambiente. No Paio de Baixo, a Consultnus, Lda está a dotar todas as novas moradias de fossas biológicas, uma medida que os empresários acreditam que pode ser replicada nas restantes habitações daquelas localidades.
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“São fossas estanques, tripartidas e compartimentadas, permitindo a separação de sólidos e líquidos. Utilizam bactérias, microorganismos que vão decompor os sólidos e empurram a água decantada, limpa, para o solo”, explica Jorge Filipe. A recolha das lamas restantes é, depois, efetuada de seis em seis anos e os cheiros são neutralizados com recurso a filtros de carvão. “Dá para adaptar consoante o número de pessoas em cada casa”, esclarece o empresário, que realça que é preciso ter cuidado com os detergentes utilizados em casa, que podem matar as importantes bactérias.
A solução da Consultnus está a ser implementada com o conhecimento da Câmara e é elogiada pela Junta. “Está a fazer-se uma experiência com muito boas perspetivas”, refere o presidente da UFPM, Valter Ribeiro. O autarca lembra que aquelas localidades têm “terrenos muito acidentados e é difícil fazer um investimento muito grande por causa de duas ou três casas. Dada a geografia acidentada do terreno, não pode haver ali o saneamento básico típico e as fossas dão para uma cobertura maior”, reconhece o social-democrata.
“Acredito que economicamente é muito viável para a Câmara”, refere Jorge Filipe, que fala da “grande recetividade por parte do município à ideia”. O empresário chegou a defender uma fossa biológica para todas as habitações da aldeia do Paio de Baixo, onde moram 80 pessoas, mas a Câmara não foi favorável. “Quem fazia, depois, a manutenção?”, concorda Jorge Filipe. Todas as casas que a empresa constrói estão preparadas para os dois sistemas – as fossas e o saneamento básico. As preocupações ambientais da empresa são evidentes.
Além das fossas biológicas, as casas são dotadas de reservatórios para aproveitamento das águas pluviais. Tudo num cenário verde e idílico, que tem atraído sobretudo estrangeiros. “Não estamos em Pataias ou em São Martinho do Porto, por isso temos de ter um produto diferenciado”, sustenta o empresário. O resultado são moradias térreas, com passadiços e zonas de sombra, onde cada lote confina com o rio. No Paio de Baixo, porque, como lembra Jorge Filipe, nos Pisões e na Mélvoa o Plano Diretor Municipal condiciona muito a construção.