João Ferreira, natural de Porto de Mós e mais conhecido por “Pulga”, percorreu mais de 5 mil quilómetros sozinho e de mochila às costas à descoberta do sudeste asiático, passando por Tailândia, Camboja, Vietname e Malásia.
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A curiosidade pela cultura local da região sempre acompanhou o jovem de 25 anos, e foi uma viagem à Indonésia no ano passado que lhe deu ainda mais vontade de fazer o famoso “mochilão”. Em novembro de 2024, despediu-se do emprego que tinha na Suíça e, no mesmo dia, comprou o bilhete de ida para Bangkok (Tailândia), sem data prevista para regressar.
“O Vietname foi o país de eleição destes quatro. A discrepância no Norte, onde se sente uma cultura mais vincada, é muito grande em relação ao Sul. No entanto, apesar da divisão territorial durante a guerra, não se sente diferença de ideologia”, começa por contar o viajante ao REGIÃO DE CISTER. “Pulga”, que percorreu aquele país de Sul para Norte, visitando cidades como Ho Chi Min e a capital Hanói, que destacou uma das passagens mais inesquecíveis que teve em toda a viagem.
“Pensava ser impossível fazer 600 quilómetros num dia, mas apanhei boleia de um camião e queria chegar perto de Hanói. O camionista pagou-me o almoço e eu ofereci-lhe a minha camisola de Portugal. Quando teve de parar para descansar, uma carrinha parou e arranjou-me boleia para o meu destino”, explica o jovem, que, posteriormente, fez um “loop tour” pelas montanhas de Sa Pa, uma cidade próxima da fronteira com a China. “Foi aqui que tive o maior exemplo de comunismo durante a viagem, naquele local os casais procriam até ter um filho para trabalhar no campo. É comum haver troca de filhos com outras famílias. As condições de vida são completamente surreais, foi uma experiência que mexeu comigo”, partilhou.
Antes de chegar ao Vietname, João Ferreira passou pelo Sul da Tailândia, um país que considerou “muito turístico” e “muito mecanizado para vender ao turista” e pelo Camboja, onde fez voluntariado numa escola. “Senti que era um país mais pobre, em que existe bastante corrupção. Por outro lado, também senti durante a ação que existe uma felicidade genuína entre as crianças. Fiquei feliz por contribuir para melhorar um pouco a vida delas”, diz Pulga que recebeu um sticker de Cristiano Ronaldo feito pelas crianças, acrescentando que as vivências daquele povo são muito diferentes da cultura ocidental. “Temos mais possibilidades e vivemos para conquistar coisas como bens materiais. Ali não é tanto assim, vivem com muito menos”, justifica.
Antes de regressar a Portugal, o portomosense ainda trabalhou duas semanas num hostel numa ilha da Malásia. João Ferreira atesta a segurança dos países do sudeste da Ásia, onde em mais de dois meses não teve qualquer experiência negativa. O jovem avisa que os preços podem variar mediante a experiência que cada um procura, apesar de, “muitas coisas não serem tão baratas como dizem”. Para quem quer embarcar numa aventura idêntica, deixa a recomendação: comprar o bilhete de ida sem pensar muito. “Tudo o resto vai fluindo”, conclui.