Manuel Barata reside na zona histórica de São Martinho do Porto, tem 64 anos e é reformado por invalidez. Desde setembro do ano passado, foi apenas três vezes até à praia de São Martinho do Porto. Isto porque, desde esse período, o Elevador do Outeiro está fora de serviço, numa situação que preocupa o são-martinhense e que o impede de deslocar-se mais vezes até à marginal.
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“Dizem-nos que é avaria, mas não percebo. Isto cria um impacto enorme. Gente que mora lá em baixo e quer vir aos correios levantar a reforma [o posto é junto às instalações da Junta], como é que vem? Ainda por cima, a ladeira está em péssimas condições”, lamentou ao REGIÃO DE CISTER. “Dificulta-nos muito a vida. Durante dois meses e meio tive a mota [veículo que utiliza para se movimentar] avariada, tinha dificuldade para ir à farmácia lá em baixo e tinha sempre de pedir a alguém que me fizesse o favor”, prosseguia, acrescentando ainda que “quando está a chover é ainda pior”. “Esta situação afeta toda a gente. Até o turismo”, sublinhou.
Os lamentos foram partilhados pela jovem Lúcia Pumi. Estava a meio do caminho quando a interpelámos. Visivelmente cansada, e enquanto fazia uma pausa para descansar, lamentou o encerramento do equipamento. A viver em São Martinho do Porto há ano e meio também se mostrou insatisfeita com a situação, que “se agrava ainda mais com o calor”. “É fundamental a sua reabertura, sobretudo, para as pessoas mais velhas”, argumentava, falando no “desgaste físico a que obriga”.
O Elevador do Outeiro está fora de serviço há largos meses e a situação preocupa a população, sobretudo os moradores do Largo Comendador José Bento da Silva, na zona alta da vila. “O impacto é notório, sobretudo para as pessoas mais idosas que vivem lá em cima, têm que subir a ladeira e já não têm pernas para isso…”, frisou Raquel Silva, acrescentando que “as pessoas mais idosas que querem ir, por exemplo, ver o mar, não podem. E com o elevador a funcionar seria diferente”. A residente em São Martinho do Porto destacou ainda o seu caso. “As pessoas com crianças, que é o meu caso, a terem de descer esta ladeira com os carrinhos, é perigoso”, exemplificou.
Também o turismo e o comércio são afetados. Quem o afirma é Luís Rodrigues, que é proprietário de um estabelecimento naquela zona. “Prejudica muito todas as pessoas e também o comércio e o turismo. Não havendo um acesso alternativo à parte alta, isso também compromete o turismo na zona histórica de São Martinho do Porto. Há muitos que chegam a meio da ladeira e voltam para trás”, sublinha. “Ouvem-se muitos lamentos diariamente”, repisou.
A inatividade daquele equipamento foi abordada pelo vereador Luís Filipe Pradiante (PS) na última reunião de Câmara pública, tendo o chefe do executivo municipal garantido que a resolução está “praticamente fechada”. Em causa estava a percentagem a que estava a ser faturada uma empreitada de 18 mil euros, adjudicada à Thyssen, em 2023. “Adjudicámos a empreitada a 6% e a empresa agora queria faturar a empreitada a 23% e não a 6%”, justificou Hermínio Rodrigues.