Conheceram a sensação de andar na estrada. Tiveram oportunidade de conhecer o dia a dia de um polícia ou de saber como atua um bombeiro. Lidaram de perto com animais, viram os peixes no maior fluviário móvel, jogaram à bola, conheceram as diversas associações e entidades do concelho. Ouviram histórias, aprenderam a semear, a cozinhar, a reaproveitar e a pintar. Viveram na era da realidade virtual e vibraram ao som da música. Além disso, pois claro, saltaram muito nos vários insufláveis que estavam instalados no espaço. Em Alcobaça, no novo Pavilhão Multiusos e nas zonas circundantes, a Festa da Criança e do Ambiente transformou-se numa verdadeira semana de diversão e aprendizagem. E as mais de 5 mil crianças que por ali passaram agradeceram… e muito.
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Foi essa a ideia transmitida pelo pequeno Gabriel Alves, de 6 anos. “O que mais gostei de fazer foi plantar o feijoeiro”, contou, ainda tímido, aquando da reportagem do REGIÃO DE CISTER. Tímido nas palavras, sim — mas não na brincadeira nem na aprendizagem. A música e os instrumentos também captaram a atenção do menino, que confessou: aqueles dias deviam repetir-se várias vezes por ano.
Ao lado, a mãe, Vera Silva, falava em “dias ótimos”, recordando o período em que houve uma interrupção destes programas. “Para eles é importante porque podem aprender como é que se ganha dinheiro, como é que se paga certas coisas… E como são vários dias, é sempre uma atividade diferente porque têm também várias coisas ligadas ao ambiente”, destacou. Para a encarregada de educação, “é importante as crianças perceberem que não existem recursos infinitos e, por outro lado, aproveitarem para se divertirem muito”. A junção da brincadeira à parte educativa é, como referiu, uma “mais valia”. “Em casa tentamos sempre incentivá-los para a reciclagem e para a importância do ambiente, por exemplo, mas claro que experimentando vai dar-lhes bagagem para se tornarem adultos um bocadinho mais competentes”, acrescentou Vera Silva.
As atividades, dentro e fora do Pavilhão Multiusos, eram tantas que o difícil era escolher. Foi durante a Hora do Conto que interrompemos Beatriz Vicente para uma breve entrevista. “Adorei ir à secção dos carrinhos. Na passadeira, tive de parar para as pessoas passarem…”, dizia, demonstrando já ter adquirido noções importantes para, no futuro, ser uma boa condutora — ainda que faltem 10 anos para a idade mínima. “Tenho de parar na passadeira, num desvio ou para entrar numa rotunda”, exemplificava, mostrando-se mais do que apta para conduzir depois de quase uma semana inteira de ‘aulas’ ao ar livre. “Devia haver esta semana durante o ano todo”, gracejou, reforçando o quanto tinha aprendido. “Podemos fazer de tudo um pouco, e isso é bom”, concluía.
A importância deste tipo de programa, que envolve toda a comunidade escolar, foi também sublinhada por Susana Martins, professora do Agrupamento de Escolas de São Martinho do Porto, que destacou que “as crianças se divertem muito” e que a iniciativa foi “um estímulo” para conjugar diversão e aprendizagem. Ainda assim, deixou uma sugestão para futuras edições: “Deveria acontecer no período da manhã, pois os constrangimentos das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC) à tarde dificultam um pouco”.
Em jeito de balanço, o Município de Alcobaça considerou que foi “acima de tudo, um investimento no presente e no futuro: um espaço onde as crianças aprendem, brincam e crescem com valores de cidadania, respeito pelo ambiente e consciência coletiva”, conforme nota assinada pelo presidente da Câmara. “Era um dos grandes objetivos que conseguimos cumprir graças a todos vós”, reforçou Hermínio Rodrigues, depois de enaltecer o “ambiente vibrante e acolhedor” vivido durante o evento.
Com o sucesso da edição deste ano, o desafio será agora manter — ou até superar — as expectativas para o futuro. E, a avaliar pelos sorrisos, a fasquia ficou bem alta.