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Um incêndio que deflagrou na habitação onde morava há mais de duas décadas, e que aconteceu na noite do passado dia 28 de junho, destruiu grande parte da casa que José Sanches, de 67 anos, levou décadas a construir em Évora de Alcobaça. A zona da garagem, onde guardava os equipamentos musicais que utilizou ao longo da carreira enquanto músico, a cozinha e a sala ficaram totalmente danificadas, desabitando o eborense. Ausente no momento da ocorrência, procura agora ajuda para reconstruir aquele que era o seu “berço” desde 1996: desde materiais, dinheiro, até mão de obra.
“Já pedi um orçamento e o custo para reconstruir a minha casa ronda os 180 mil euros. Só em material tive um prejuízo de várias dezenas de milhares de euros, entre instrumentos, colunas e outros aparelhos que utilizava nos meus concertos”, lamentou o eborense, ao REGIÃO DE CISTER.
“O seguro que tinha não cobre os prejuízos da casa, mas, felizmente, tenho tido o apoio de algumas das pessoas mais próximas. Um dos amigos que fiz através do karaté [modalidade que praticou e na qual é agora treinador] prontificou-se a criar um site para conseguir angariar ajuda de todo o mundo do karaté, mas também da comunidade”, revelou, salientando “não ter vergonha de pedir ajuda”. O site, no qual estará discriminado o apoio necessário, deverá estar disponível nas próximas semanas. Já se encontra ativa uma conta solidária criada para o efeito.
“Tudo o que tinha aqui foi fruto de muito trabalho. Trabalhei numa fábrica durante 32 anos e aos fins de semana dava concertos com o meu grupo [Trio Tropical]”, recordou o reformado, num discurso assertivo, mas por vezes atraiçoado pela emoção. “Estou a pensar voltar a trabalhar para tentar reconstruir a minha casa”, adiantou também, motivado a não deixar que a destruição o impeça de completar aquele que é o seu berço.
“O meu cantinho é aqui, é aqui que tenho os meus animais, o meu cão, as minhas cabras e as minhas ovelhas. Tudo farei para tentar reerguer a minha vida”, justificou José Sanches, acrescentando que aquele lar é também muito importante para as quatro filhas.
“É aqui que quero morrer”, desabafou ainda, mostrando o rasto de destruição, os instrumentos totalmente danificados e uma vida de investimento que foi “por água abaixo”, e tentando perceber as causas que originaram o incêndio.
“Custa-me estar aqui muito tempo, a música tem ficado um pouco esquecida por estes dias, mas o karaté tem ajudado a a manter-me estável psicologicamente”, disse ainda, revelando que a forma de estar naquele desporto lhe deu “ferramentas” para lidar com a “tragédia” que lhe aconteceu. “Tem sido até pior para as minhas filhas”, acrescentou.
Por estes dias, José Sanches tem-se socorrido na família e nos amigos, que se disponibilizaram para o acolher, mas o desejo do eborense é que depressa possa voltar a colocar mãos à obra para tentar reerguer aquele que é o património material mais importante da sua vida. Para isso, apelou, precisará da ajuda da comunidade.