São já uma imagem de marca para muitas praias da região, principalmente da Praia da Nazaré, da qual são hoje indissociáveis, especialmente na paisagem mais a Norte. Mas, são também sinónimo de segurança, conforto e, em alguns casos, até de manutenção de um hábito que passa de geração em geração. As barracas de praia são presença de muitas décadas nos areais dos territórios balneares dos concelhos de Alcobaça e da Nazaré e uma tradição que parece não passar de moda.
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Maria Custódio é uma das habituais visitantes da Praia da Nazaré e não dispensa o aluguer da estrutura em madeira coberta de pano durante o verão. “Posso vir descansada, chegar aqui, ter onde ficar todos os dias e não andar carregada com outras coisas”, começa por explicar, realçando a segurança e o “melhor conforto” nas horas em que o calor aperta. Normalmente, a beneditense procura sempre alguém conhecido para lhe alugar uma barraca e sempre com uma preferência. “Gosto de ficar na mesma zona, ali na terceira, quarta ou quinta fila”, revela a veraneante, justificando também a preferência por aquela praia. “Vimos para a Nazaré há coisa de 30 ou 40 anos, é um local relativamente perto da nossa zona de residência, e, por vezes, dá para ir a casa almoçar e regressar de forma tranquila”.
Caso semelhante vive Miguel Ivo, natural do Soutocico, na freguesia de Arrabal, de Leiria, que, mesmo antes de terminar mais um dia de praia, fez questão de responder ao REGIÃO DE CISTER. “É uma praia espetacular”, começou por dizer o jovem, mencionando também a importância das barracas de praia na sua experiência balnear. “Desde que me lembro que venho para estes espaços, que alugamos para o todo o verão, a minha tia conhece muito bem uma pessoa que aluga e é já um hábito”, explica Miguel Ivo. O jovem também aponta a segurança e o conforto como dois aspetos fundamentais para optar pelo aluguer de barracas de praia. “Deixamos as nossas coisas do início ao fim do dia e ninguém mexe.
Também é um bom sítio para nos protegermos do sol nas horas mais quentes”, aponta.
São espaços muito requisitados pelas famílias e a segurança com as crianças é também um dos pontos fortes que leva a alugar as barracas de praia. “Como estão organizadas em filas, as crianças têm menos probabilidade de se perderem dos pais do que na zona dos chapéus, por exemplo”, elucida a presidente da Sol e Mar – Associação de Banheiros do Concelho da Nazaré, entidade que tutela as barracas na Praia da Nazaré.
Este ano, o areal conta com uma instalação de 1.023 barracas, cujo aluguer aos visitantes fica a cargo dos 31 sócios da associação, sendo distribuídas de forma equitativa. “Este ano há mais 33 porque entrou mais um sócio, porque antes eram 990”, explica Ana Meco. Relativamente à taxa de ocupação, comparando com os últimos anos, a dirigente adianta que “não há grandes variações”. O crescimento do número de barracas nos últimos anos também se deve ao recuo da linha marítima que, consequentemente, tem aumentado o areal.
Em termos de público-alvo, as famílias com membros mais idosos ainda são os principais “hóspedes”. “Temos muitas famílias com pessoas na ordem dos 60 e 70 anos. Temos ainda essa faixa etária. Já vieram com os avós, já vieram com os pais, já vieram com os filhos e agora vêm com os netos”, detalha Ana Meco, adiantando que muitos deles alugam barracas todo o verão, meses ou várias semanas.
Cartaxo, Rio Maior, Santarém e Porto de Mós são algumas das zonas de maior proveniência dos turistas nacionais que procuram as barracas.
Sobre a afluência de estrangeiros, a procura é diferente. “Começam a vir com mais frequência, mas alugam apenas um, dois ou três dias. Chegam principalmente dos Estados Unidos da América, Itália, Inglaterra e Espanha”, nota.
Para alugar uma barraca de praia, os preços variam consoante as modalidades disponíveis. Nesse sentido, e de acordo com a tabela que estipula os preços uniformes para todos os sócios, um dia custa 10 euros, uma semana 60 euros, uma quinzena 90 euros e um mês 150 euros, na Praia da Nazaré. De acordo com a presidente da Sol e Mar, a tradição das barracas de praia na Nazaré já tem “mais de um século” e, a verdade, é que parece ter adesão suficiente de nazarenos e “palecos” para continuar de pé durante outros tantos anos por toda a segurança, conforto e facilidade para armazenar pertences que oferece.