Num tom moderado e civilizado, os cinco candidatos à presidência da Câmara de Alcobaça enfrentaram-se (ou dialogaram) no debate promovido pelo Região de Cister, em parceria com o Jornal de Leiria e a Benedita FM, no passado dia 27 de setembro, no auditório da Biblioteca Municipal, perante uma plateia de cerca de 70 pessoas (o menos participativo dos três debates que o semanário promoveu). Evitaram-se ataques pessoais e apostou-se na exposição de propostas, ainda que o subtexto, por vezes, apontasse o dedo ao executivo liderado pelo PSD, nos últimos 28 anos.
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No tema da habitação, a CDU alertou para “problemas urgentíssimos”. Rogério Raimundo lembrou a existência de um “bairro de lata na freguesia de Aljubarrota” e apelou a medidas de “emergência” para garantir habitação digna, especialmente para os trabalhadores imigrantes. Já Isabel Ventura (Chega) sugeriu a criação de uma “via verde” para acelerar licenciamentos e a disponibilização de terrenos municipais para construção a custos controlados. “O PDM aprovado não serve os alcobacenses e tem de ser revisto”, defendeu. Do lado do PS, Diogo Ramalho defendeu um investimento direto da autarquia: “É preciso alocar 15 milhões de euros para lançar uma empreitada de 100 novos fogos”, retorquiu. Além disso, quer incentivar cooperativas habitacionais, chamando os privados a participar na resposta ao problema.
Hermínio Rodrigues (PSD) optou por recordar o que já foi feito: “Durante o mandato entregámos 400 mil euros em ajudas ao arrendamento para famílias carenciadas.” O candidato recordou ainda o projeto de habitação jovem, que está “pronto para arrancar”. A Iniciativa Liberal (IL), pela voz de Sandra Amaro, reforçou a “desburocratização” e “agilização” dos processos administrativos como base da solução. Apontou a falta de mão de obra no setor e lembrou que as “famílias de classe média não têm acesso aos programas sociais”.
No segundo bloco, dedicado ao desenvolvimento económico, o candidato do PSD, que tenta um segundo mandato à frente da câmara, destacou que “o concelho de Alcobaça já é um gigante económico, que está na moda”. Hermínio Rodrigues anunciou planos para ampliar as áreas industriais. Diogo Ramalho criticou a “falta de execução” do executivo PSD e propôs um “centro de serviços partilhados” na área empresarial da Benedita. Rogério Raimundo lamentou que a zona industrial do Casal da Areia “não esteja acabada” e insistiu na interligação entre economia, cultura e turismo. Isabel Ventura propôs “baixar a derrama e devolver mais IRS aos munícipes” como forma de atrair empresas e aumentar a competitividade fiscal. Sandra Amaro propôs criar uma “academia do empreendedor” e dar mais autonomia para as juntas, de modo a “libertar a câmara” para captar investimento.
O tema da educação trouxe críticas e ambições. O Chega quer parcerias entre escolas profissionais e empresas, com foco em cursos técnicos e creches, defendendo também um ensino politécnico. A IL propõe residências universitárias em cidades como Lisboa e Porto para facilitar o acesso dos estudantes e incentiva projetos educativos inovadores. O PS quer melhorar a qualidade das refeições escolares, requalificar infraestruturas e concentrar o ensino superior em áreas ligadas ao património local. O PSD destaca o crescimento dos TESP, o cumprimento dos rácios nas escolas e defende uma educação integrada desde o berçário. Já a CDU defende a ligação da investigação académica aos estudos cistercienses e propõe parcerias com o Politécnico de Leiria ou a Universidade de Coimbra.
Na saúde, Isabel Ventura e Sandra Amaro coincidiram numa proposta: o novo hospital do Oeste deve ficar em Caldas da Rainha. Diogo Ramalho defende subsidiar o recrutamento de médicos e uma bolsa de horas para que médicos possam deslocar-se a casa dos doentes. Hermínio Rodrigues anunciou obras em centros de saúde e assegurou que “está a ser estudado” o transporte a pedido. Rogério Raimundo quer uma unidade de cuidados continuados e mais consultas externas para evitar deslocações a Leiria, pedindo um maior apoio aos cuidadores informais.