Quem nunca imaginou dar cor a Igreja da Nossa Senhora da Nazaré, ao Sítio, às ruas inclinadas, às gaivotas e às ondas que fazem parte da paisagem e da memória coletiva da Nazaré? Foi mais ou menos assim que nasceu o projeto “Nazaré Pintada”, um livro de colorir que convida miúdos e graúdos a redescobrir a vila de forma criativa, descontraída e afetiva.
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A ideia partiu de Bruno Estrela, 33 anos, natural da Nazaré e com forte ligação familiar ao comércio local.
“Tudo começou numa brincadeira com a minha filha, em agosto. Ela queria desenhos para pintar e comecei a pensar: por que não criar algo da Nazaré? Um souvenir diferente, que mostrasse o que é nosso, mas de forma lúdica e acessível”, conta.
Da brincadeira nasceu um projeto que rapidamente ganhou forma e seguidores. “Comecei a experimentar no tablet, a trabalhar imagens de lugares típicos, a testar estilos… até perceber que já tinha material suficiente para um livro”, recorda o nazareno, que recorreu à ajuda da inteligência artificial e de uma gráfica local para aperfeiçoar os pormenores. O resultado é um livro de 24 páginas que mistura criatividade, identidade local e um toque de nostalgia.
Mais do que um simples livro de colorir, Nazaré Pintada é um convite a parar, relaxar e olhar com outros olhos para os espaços do quotidiano. “É uma forma de as pessoas se divertirem em família, de entreter as crianças. Mas também é uma maneira de divulgar a Nazaré e valorizar o que temos de mais bonito”, explica o autor.
O livro está à venda por 9 euros, com preço especial para revendedores, e pode ser encontrado em vários espaços locais. A adesão tem superado as expectativas. “A reação das pessoas tem sido muito boa. Dizem que é uma excelente ideia e que não havia nada assim”, partilha Bruno Estrela, que gere também as páginas oficiais do projeto nas redes sociais, no Instagram e Facebook, sob o nome Nazaré Pintada.
E a criatividade não vai ficar por aqui. O autor já trabalha num segundo volume, pensado como complemento ao primeiro e com lançamento previsto para o Natal, devendo estar pronto no final de novembro. “Será outro livro de pintar, mais focado nas tradições da Nazaré – os trajes, as festas, as pessoas. É um projeto pensado para todas as idades, que junta o passado e o presente da vila”, revela.
Além da componente artística, Bruno quer que o projeto tenha uma dimensão social e educativa. “Gostava de fazer parcerias com escolas, instituições e até restaurantes, para que o livro chegue a mais pessoas, desde crianças aos seniores. É uma forma de partilhar a Nazaré de maneira divertida e criativa, de unir gerações em torno daquilo que é nosso”, conta.
A escolha da Nazaré como tema foi natural. “Tinha de ser a Nazaré. Sou de cá, cresci aqui, conheço bem os cantos e gosto de falar do que sei e do que sinto. Este projeto é uma forma de mostrar a Nazaré à minha maneira, através da cor e da imaginação”, diz.
Mais do que um produto local, Nazaré Pintada é um gesto de carinho para com a terra e as suas gentes. Um projeto nascido do acaso, mas feito com intenção: preservar, valorizar e reinventar o olhar sobre um dos lugares mais emblemáticos do País.
Bruno Estrela acredita que colorir é também uma forma de cuidar e preservar a memória.
“É uma forma de cada pessoa deixar a sua marca nas paisagens que fazem parte da nossa história”, acrescenta.
Da ponta do lápis às ondas do imaginário, Nazaré Pintada quer que todos possam, literalmente, dar cor à vila. À sua maneira.


