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Setor das pescas sem isco para atrair jovens e melhorar organização

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A falta de jovens e de uma melhor organização dos profissionais da pesca foram “vendidos”, na Lota do Porto de Abrigo da Nazaré, no passado sábado, como os principais entraves no setor. Ainda assim, Manuel Pinto de Abreu, secretário de Estado do Mar, que encerrou a conferência Made in Cister: Pescas, deixou uma visão mais otimista sobre a economia azul, confiante de que o setor passe a “pescar” outras visões de futuro.
Para João Paulo Delgado, representante da Mútua dos Pescadores na Nazaré, ”a desorganização dos profissionais da pesca e esta teimosia em insistirem na incapacidade de criar plataformas alargadas de entendimento para resolução de problemas comuns” foi sempre “o calcanhar de Aquiles do setor”. Sublinhando que “é necessário muscular as organizações de produtores para contrariar os monopólios de comercialização”, o também pescador argumenta que “o maior desafio para a formação profissional é formar bons técnicos e formar homens novos para o trabalho no mar, conscientes, críticos, com capacidade de organização e trabalho associativo, ativos socialmente e reconhecidos pela comunidade”.
Carla Maurício, técnica da Câmara da Nazaré, que apresentou a história local das pescas e fez uma análise económica do setor, afirmou que “o maior problema é a valorização e a rentabilidade das empresas“. Da mesma opinião partilhou Luís Silvério, presidente da Associação dos Comerciantes de Pescado, notando “o afastamento cada vez maior por parte dos consumidores dos mercados tradicionais”. “Temos o melhor peixe do mundo; só é pena que as espécies nobres, em vez de aparecer em lota, apareçam no mercado paralelo“, lamentou o administrador da Luís Silvério & Filhos, uma das maiores empresas de comercialização de pescado na vila.
Mas, “apesar de ter sido apresentado todo o caderno de encargos, ninguém apostou num setor em que o copo está meio cheio”, refutou José Apolinário, presidente da Docapesca, apelando a uma visão mais otimista sobre o setor. O antigo secretário de Estado acredita que “os recifes vão funcionar e vão servir para outras atividades ligadas ao mar”, garantiu o dirigente, para quem “consolidar a pesca como atividade vocacional do porto (pesca, indústria e aquicultura) e desenvolver o hinterland associado, quer ao nível da náutica de recreio, quer ao nível das marítimo-turísticas e atividades conexas“ é a oportunidade de futuro do setor no Porto de Abrigo da Nazaré, onde serão feitos investimentos de cerca de 400 mil euros até ao próximo ano. 
“Deste conjunto de apresentações resultou que deveríamos discutir e olhar mais vezes para a realidade do setor da pesca”, sublinhou Manuel Pinto de Abreu, secretário de Estado do Mar, no seu discurso da sessão de encerramento, da segunda conferência integrada no projeto editorial Made in Cister do REGIÃO DE CISTER.
O governante adiantou ao auditório que é política da tutela “fazer aquilo que é uma necessidade e que vai ser sustentável no futuro, trazendo mais-valias à fileira”, admitindo que desde a inauguração do Porto da Nazaré, em 1983, “pouco mais foi melhorado”. Contudo, o secretário de Estado ressalvou que “nem tudo vai mal nas pescas em Portugal”, apontando como exemplos o setor da transformação e das conservas, em que “Portugal é reconhecido mundialmente pela qualidade” que imprime nesta área de atividade económica. Manuel Pinto Abreu deixou claro que “o setor da pesca vale a pena e vai continuar com os bons resultados que tem tido até agora“. É Made in Cister, com certeza.

Made in Cister prossegue com calçado em outubro
O calçado será o próximo setor em destaque no projeto Made in Cister, já no próximo mês de outubro. O tecido empresarial da região, e nomeadamente na Benedita, tem sabido acompanhar a evolução da indústria do calçado, considerado um dos setores da economia portuguesa mais competitivos em termos internacionais. À semelhança da cerâmica e das pescas, além da revista e da conferência pública em contexto real, será produzido um documentário em vídeo sobre o setor.

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