Sábado, Novembro 23, 2024
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Mulher partilha história de violência doméstica

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Há sombras que perseguem. Cheiros que incomodam. Toques que arrepiam. Vozes que trazem lembranças. Pesadelos que não acordam. Há medo. Medo. Medo.
No meio do turbilhão de sentimentos, há uma palavra que continua a nortear mulheres e homens que são vítimas de violência doméstica: a vida, ainda que muitas vezes seja posta em causa.
Catarina (nome fictício) tem marcas interiores tatuadas. Não se apagam. Durante mais de cinco anos foi “alvo” de violência psicológica e de alguns episódios físicos. “Não é uma bofetada que dói, são as palavras que se dizem antes e depois que nos fazem pedir desculpa, a toda o momento, por existirmos”, testemunha a mulher de 39 anos, mãe de dois filhos.

Há sombras que perseguem. Cheiros que incomodam. Toques que arrepiam. Vozes que trazem lembranças. Pesadelos que não acordam. Há medo. Medo. Medo.
No meio do turbilhão de sentimentos, há uma palavra que continua a nortear mulheres e homens que são vítimas de violência doméstica: a vida, ainda que muitas vezes seja posta em causa.
Catarina (nome fictício) tem marcas interiores tatuadas. Não se apagam. Durante mais de cinco anos foi “alvo” de violência psicológica e de alguns episódios físicos. “Não é uma bofetada que dói, são as palavras que se dizem antes e depois que nos fazem pedir desculpa, a toda o momento, por existirmos”, testemunha a mulher de 39 anos, mãe de dois filhos.

Os primeiros anos de vida em conjunto, os cinco, foram vividos em grande cumplicidade. “A manipulação que havia era aceitável. Vamos deixando. Um dia quando olhamos ao espelho, sentimos meia culpa”, afirma. 

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Chega o momento em que a autoestima “desce a zeros, a manipulação é constante”. Enquanto casal, e apesar do que viviam entre as quatro paredes e na presença dos olhares tristes e medonhos dos filhos, tudo parecia perfeito. “Somos tão bons a dizer que está tudo bem que quando vamos contar a verdade, a maioria das pessoas não acredita. Criam uma teia tão grande à nossa volta que nos afastam de todos. Ficamos completamente sozinhas”, alerta a vítima de violência, que é natural de Alcobaça, estudou em Coimbra e viveu no Porto. O seu ex-marido continua por lá. Uma vez por mês vai à invicta com filhos para que estejam com o pai.

O desemprego levou ao álcool e consequentemente à prática de violência: “Nunca aceitou que levasse dinheiro para casa. Sentia-se envergonhado e inseguro”.

Catarina foi perseguida, ameaçada, mas nunca desistiu. Um dia decidiu regressar a Alcobaça, não antes de entrar num grupo de mulheres vítimas de violência doméstica e partilhar dor com dor. Veio para casa dos pais. “Não fugi, apenas não aguentava as dívidas que foram sendo acumuladas”, explica.

A pouco menos de três meses de ser mãe pela segunda vez, carregando mais um amor da sua vida, levou uma bofetada. “Foi duro. Muito duro, mas nada comparado com as palavras que nos martirizam e nos reduzem a lixo”. Mas Catarina confessa-se uma apaixonada pela vida: “sou uma pessoa muito observadora. Questiono e reflito sobre tudo”.

Não teve medo de ir à polícia apresentar queixa e aconselha outras mulheres a fazerem o mesmo. O seu ex-marido foi condenado a ano e meio de prisão, mas pelo facto de ter filhos cumpriu pena comunitária.

Há outro tipo de violência, para quem é vítima muito forte, a social. “Por vezes, os olhares são dolorosos, olham-no como coitados. É compreensível, mas temos de tentar alterar este comportamento”, avisa Catarina.

É possível voltar a amar? “Sim, é possível, mas a exigência é muito maior, porque o perfil do homem por quem nos apaixonamos vamos procurar noutro. E ninguém pode adivinhar o que se esconde dentro de cada ser, nem no que a vida se vai transformar”, diz Catarina, que já tentou voltar a amar…

 

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