O REGIÃO DE CISTER fez, esta semana, o trajeto ferroviário que atravessa toda região para tentar perceber por que razão tantas famílias preferem deslocar-se para São Martinho do Porto através do caminho de ferro.
Os revisores da CP têm vida difícil por estes dias na Linha do Oeste, sobretudo aqueles que fazem o percurso até São Martinho do Porto. São tantos os passageiros que adotam o comboio para chegar à praia das famílias que é virtualmente impossível cobrar bilhetes a todos. Pelo menos, foi o que aconteceu ao REGIÃO DE CISTER, que, anteontem, fez o trajeto que atravessa todo o concelho de Alcobaça, e necessariamente o da Nazaré, para tentar perceber por que razão tantas famílias preferem deslocar-se para a baía através do caminho de ferro.
O comboio regional de Leiria, com destino a Caldas da Rainha, chegou à estação ferroviária de Pataias com sete minutos de atraso. O comboio “atrasa alguns minutos em cada paragem”, devido à grande afluência de passageiros por estes dias, garante o revisor, que não tem mãos a medir para chegar a todos aqueles que optam por usar aquele meio de transporte para chegar à estação de São Martinho do Porto, a única do Oeste onde é possível sair do comboio e, apenas a uma centena de metros mais adiante, pôr literalmente os pés na areia.
O percurso entre Pataias-Gare e São Martinho, com uma extensão de cerca de 20 quilómetros e com paragens na estação de Valado dos Frades e no apeadeiro de Famalicão, demora cerca de 20 minutos a ser cumprido. Partindo de Pataias, o bilhete custa 2,45 euros e as crianças até aos 6 anos não pagam.
Quando o comboio chegou a Pataias-Gare já as três carruagens estavam quase lotadas com famílias, grupos de amigos e até crianças de creches e campos de férias. Um cenário deveras habitual quando o calor começa a apertar.
O REGIÃO DE CISTER fez a viagem entre Pataias-Gare e São Martinho do Porto de comboio, numa distância de cerca de 20 quilómetros, para tentar perceber as razões pelas quais centenas de pessoas preferem o caminho de ferro para ir à praia
Uma numerosa família de Leiria, com um total de nove pessoas, utiliza este meio de transporte para fazer praia em São Martinho do Porto por ser “o meio de transporte mais rápido e a estação ser mesmo em frente à praia”, afirmou Paula Caetano, acompanhada por filhos e sobrinhos. “Melhor era impossível”, corroborou um grupo de amigos que também embarcou na capital de distrito, sublinhando que utilizando o comboio não perdem tempo a estacionar o carro.
Na estação de Valado dos Frades, quando o comboio já tinha poucos lugares sentados, voltaram a entrar vários grupos de veraneantes. A valadense Cristiana Caçador, responsável por um grupo de onze crianças de um centro de estudos daquela vila, afirmou ao REGIÃO DE CISTER que a viagem de comboio é “uma oportunidade de viajar de forma diferente”, já que “atualmente se usa tão pouco o comboio”. Além disso, considerou que a viagem na Linha do Oeste é “agradável e cómoda” e, por isso, “uma excelente oportunidade” para quem quer ir à praia.
Na mesma carruagem, mas mais à frente e em pé, ficou o grupo de competição do Clube de Natação de Alcobaça. Num dia mais quente, os monitores Diogo Fonseca e Francisco Oliveira decidiram dar “um mimo” aos jovens atletas e levaram-nos à praia. E não foi para treinar. “Muitos deles nunca tinham andado de comboio”, acrescenta Francisco Oliveira.
Os passageiros vieram de Leiria, Gândara dos Olivais ou Marinha Grande. Mas o que têm em comum é que regressam a casa, no final do dia, de comboio. Não foi por acaso que a a CP voltou a disponibilizar a campanha Praia de Comboio, que dá descontos nas viagens de comboio com destino a São Martinho do Porto, e colocou à disposição mais quatro comboios diários na linha do Oeste. A procura assim o obriga.