O espólio da exposição alcobacense “Tempos de Escola” poderá integrar, futuramente, um pequeno núcleo museológico, na escola Frei Domingos, na Benedita, de acordo com o antropólogo Alberto Guerreiro.
O espólio da exposição “Tempos de Escola”, que deu origem à palestra “Ensino em Alcobaça – uma Viagem no Tempo e no Espaço”, que decorreu esta terça-feira, na Galeria de Exposições Temporárias do Mosteiro de Alcobaça, poderá integrar um “pequeno núcleo museológico, dedicado à temática da educação, pensado para ocupar a escola Frei Domingos, na Benedita, num futuro próximo”, adiantou o antropólogo Alberto Guerreiro.
A palestra remontou aos vários momentos em que o panorama educacional da cidade foi considerado de “vanguarda” em Portugal. Das datas com maior importância destacou-se, impreterivelmente, o dia 11 de janeiro de 1269, quando foi dada a primeira aula pública, no Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça.
“Atualmente há certas reflexões que devem ser feitas, como a dicotomia entre a instrução de há 50 anos e a de agora”, referiu o historiador Jorge Pereira de Sampaio.
Alberto Guerreiro aproveitou a ocasião para explicar o conceito da nova geração em que o mundo industrializado se prepara para entrar: a “quarta vaga”, ou seja, “a completa desmaterialização da informação, completamente virada para o digital”. “Um dia até os livros serão relíquias, com a mudança dos tempos a dar-se tão rapidamente. Hoje, a maioria já lê em telemóveis e tablets”, notou o alcobacense.
Alcobaça esteve, durante vários séculos, na linha da frente no que respeita às práticas educacionais. A cidade inovou com a primeira rede escolar nacional e no método de ensino, passando pela primeira escola dedicada apenas ao género feminino. A cidade serviu, também, como caso exemplar quanto às chamadas escolas técnicas nacionais e, neste momento, tem um dos maiores agrupamentos de escolas do país.
No que remonta à escola do antigamente “são recordações que rodopiam ao sabor da saudade” proferiu a reformada professora de História, Judite Granada, ao ler um texto que havia escrito em 2005 e remontava à educação dos anos cinquenta, sobre a descrição da escola que frequentava na época. “O legado de outrora não se perdeu. Alcobaça continua a apostar fortemente em matéria educacional”, sublinhou Alberto Guerreiro.