João Camacho pretende abandonar a liderança do Centro Cultural Desportivo e Social do Casal Velho, clube que assinalou ontem o 25.º aniversário, mas que pode estar à beira de um impasse diretivo
João Camacho pretende abandonar a liderança do Centro Cultural Desportivo e Social do Casal Velho, clube que assinalou esta quarta-feira o 25.º aniversário, mas que pode estar à beira de um impasse diretivo. O dirigente, que assumiu a presidência desde a fundação, entende que é hora de sair, por acusar algum “desgaste”.
“No princípio era o entusiasmo, a disponibilidade e a expetativa das pessoas. Tinha havido uma experiência falhada de criar um clube em 1978 e, por isso, havia muito entusiasmo. Passados 25 anos, o que parecia impossível foi conseguido e hoje passamos dificuldades enormes ao nível da disponibilidade das pessoas para manterem o clube. São tempos completamente diferentes. Depois da peça construída falta gente para lhe dar uso e a desenvolver”, salienta o presidente do clube ao REGIÃO DE CISTER.
No entender de João Camacho, há um desfasamento entre o clube e a comunidade que é preciso corrigir.
“Por vezes, é necessário forçar a saída de quem lidera para que as pessoas tenham consciência de que esta é uma obra da comunidade, uma associação, um centro cultural. Quer as que são do Casal Velho, quer as que têm os filhos no futsal”, sustenta o antigo vereador do PSD na Câmara de Alcobaça, que tenta desde 2011, sem sucesso, encontrar alternativas para os órgãos sociais.
“Tenho 25 anos de dedicação ao CCDS Casal Velho e considero que 15 são a mais”, sustenta João Camacho, que desenhou um projeto ímpar no contexto regional e nacional, ao adotar uma gestão de clube-empresa, assente num bar, uma padaria e na produção de chouriço, que confere autonomia financeira ao clube e financia, desse modo, a prática desportiva no futsal.
“A data da fundação do clube é da reunião que se fez num armazém de fruta em que se decidiu que se ia avançar. Recuando a 1994 e comparando com 2019, vivemos numa sociedade mais virada para ver do que, de facto, para fazer. É aqui que as coisas estão. Vivemos um período de muito pouca disponibilidade para fazer coisas, desenvolver projetos. A história de atrevimento, de fazer coisas diferentes, de correr riscos do CCDS Casal Velho faz com, efetivamente, não tenha ainda surgido gente disponível para assumir o projeto”, lamenta o arquiteto de profissão, que sente dificuldades “até ao nível da contratação de trabalhadores”. “O bar só fecha no dia de Natal e no Ano Novo e na padaria trabalha-se de noite. Temos sete trabalhadores no quadro e colaboradores pontuais, mas até neste âmbito é difícil o recrutamento”, revela João Camacho.
O clube tem 400 sócios, a sua “larguíssima maioria não paga quotas” e, apesar de ter nascido numa aldeia da freguesia de Alfeizerão com menos de 300 habitantes, é uma referência no futsal, com dezenas de títulos e uma equipa sénior na 2.ª Divisão nacional.