A Federação Portuguesa de Futebol lançou, este mês, a campanha “#DeixaJogar” em que solicitou aos jovens atletas masculinos e femininos que escrevessem numa folha as coisas menos bonitas que já ouviram no “mundo” do futebol para que os pais lessem.
A Federação Portuguesa de Futebol lançou, este mês, a campanha “#DeixaJogar” em que solicitou aos jovens atletas masculinos e femininos que escrevessem numa folha as coisas menos bonitas que já ouviram no “mundo” do futebol para que os pais lessem.
A campanha visou sensibilizar para a problemática no desporto e o CRP Ribafria é um dos exemplos de um verdadeiro desporto inclusivo. Onde há espaço para os rapazes e também para as raparigas.
Assim é há quatro anos, quando Mariana Pereira, ex-jogadora do clube, decidiu investir na formação feminina dos tefes. Inicialmente com um leque reduzido de jogadoras, mas que agora ascende a quatro dezenas de atletas.
“Queremos essencialmente dar-lhes as ferramentas para que possam evoluir na modalidade, mas que ao mesmo tempo lhes permitam tornarem-se melhores pessoas, com mais valores e mais capacidade para viverem em sociedade”, disse a técnica, que irá liderar a época desportiva das iniciadas, juvenis e juniores do clube.
O CRP Ribafria é dos clubes com mais impacto no futsal feminino distrital e apenas é superado pelo NS Pombal que, com seniores, é o clube com mais escalões na modalidade. Esta temporada o emblema da freguesia da Benedita optou por fazer um interregno na equipa de seniores, até porque “jogam muitas vezes com as mesmas equipas, o que leva a um maior desgaste e menos motivação”, afiançou.
Se no escalão principal o panorama não é favorável, o mesmo não se pode dizer da formação. Que o diga a infantil Matilde Belo, a quem a bola lhe faz companhia mesmo à hora de jantar. “Em casa a Matilde tem de ter sempre uma bola ao lado, seja a jantar ou a fazer qualquer outra coisa” diz o pai Gilberto Belo, enquanto assiste a mais um treino do clube, em que os escalões femininos treinam ao mesmo tempo.
E, com tantas jogadoras e o mesmo espaço, como se preparam os treinos? “O que fazemos é adaptar os exercícios a cada nível de desenvolvimento das jogadoras para que possam evoluir”, disse a jovem técnica, que joga desde os 8 anos pelas tefes.
A fisionomia é uma das diferenças entre meninos e meninas. Isabel Matos, mãe da guarda-redes júnior Maria Mateus também o percebe, dado que, em casa, a filha treina com o irmão, guardião dos iniciados.
“Às vezes dou por eles a treinarem movimentos baixos, a defesa em parede, a queda ou extensões”, confirmou a progenitora, notando que falta divulgação no futsal feminino.
A mesma situação foi referida por Mariana Pereira, que afirmou que na época passada apenas soube da realização do campeonato distrital de juvenis quando a época já decorria… “Acredito que há muito potencial no futsal feminino, mas é preciso também que os clubes queiram apostar nesta vertente”, alertou a ex-jogadora, ressalvando que no clube os atletas masculinos se mostram sempre “muito interessados em saber em que dias e horas jogam as meninas”. “Eles incentivam muito as jogadoras”, destacou, até porque “muitos cresceram juntos, são colegas de escolas ou já atuaram juntos nos encontros de formação em que jogam meninos e meninas”. “Por vezes, eles tinham algum receio do contacto físico com as meninas, mas assim que viram que elas não se inibiam do choque, também começaram a jogar de maneira diferente”, disse a coordenadora do futsal feminino.
O futsal feminino tem vindo a ganhar importância e o CRP Ribafria quer ajudar “à mudança”.