Sexta-feira, Maio 9, 2025
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Jorge Rito: “Devo a minha carreira ao ABC de Braga”

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Jorge Rito nasceu em Marrazes, mas ao dois anos de vida foi viver com os pais para Alcobaça. Na cidade deu primeiros passos como andebolista (GD Nutrigado) e até no futebol (Ginásio). Aos 18 anos rumou à antiga URSS para frequentar um curso de Educação Física com a especialização em andebol e muda-se para Braga para apostar na carreira desportiva. O técnico alcobacense falou com o REGIÃO DE CISTER e fez um balanço de quase três décadas em Braga, não esquecendo os primeiros passos…em Alcobaça.

REGIÃO DE CISTER (RC) > 29 anos no ABC de Braga. É uma vida de dedicação ao clube?
Jorge Rito (JR) > Quando fui para o ABC, em 1987, para ajudar a montar um projeto de Escola Desportiva de Andebol, era um treinador desconhecido. Fiz o meu caminho de treinador desde os infantis até à equipa sénior, sempre rodeado de pessoas que me ajudaram imenso. Hoje olho para trás e não mudaria as opções que tomei. Se hoje sou conhecido no andebol português, devo tudo ao ABC de Braga. 

RC > A conquista dos campeonatos em 2005/2006 e 2006/2007 foram especiais?
JR > Todos os títulos nacionais, desde os juvenis, juniores e seniores foram especiais. No entanto, o bi-campeonato que ganhei entre 2005 e 2007 teve um sabor diferente. Foi a primeira vez que fui campeão nacional de seniores como treinador principal.

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RC > No currículo conta com duas finais europeias…
JR > A primeira final da Liga dos Campeões em 1994 foi conseguida com uma das melhores equipas de sempre do ABC, a base da Seleção Nacional. Esta presença veio confirmar o poderio desportivo da equipa do ABC na década de 90. A final da Taça Challenge, em 2004, foi também um momento importante, uma vez que o ABC estava a tentar reerguer-se na Europa e, através dessa equipa, começámos a lançar as sementes que acabariam por nos trazer os dois títulos nos anos seguintes.

“A primeira vez que, enquanto treinador do Benfica, pisei o Flávio Sá Leite, arrepiei-me com a receção que me fizeram. Senti que um dia ia voltar”.

RC > Em 2011/2012 ruma ao Benfica, no qual está três temporadas. A experiência ficou longe da expetativa?
JR >  Foram três anos a trabalhar num clube “grande”, com condições que ainda não tinha visto. Tínhamos como principal objetivo o título nacional e o melhor que conseguimos foi um 2.º lugar na  segunda época e uma Supertaça. Convidaram-me para renovar uma terceira temporada e pensei que poderíamos finalmente ganhar o título. Infelizmente não conseguimos e ambas as partes concordaram que ali o meu ciclo tinha terminado.

RC > Regressa então a Braga…
JR > O convite para treinar as águias foi um grande desafio para mim, dado que até então só tinha saído uma época para o Fafe. O ABC compreendeu que a saída era inevitável mas sempre mostraram que esta não deixava de ser a minha casa. A primeira vez que, enquanto treinador do Benfica, pisei o Flávio Sá Leite, arrepiei-me com a receção que me fizeram. Senti que um dia ia voltar.

RC > Esta temporada o clube termina em 6.º lugar. Foi uma época dentro das expetativas?
JR > Digo isto com muita amargura mas a realidade do ABC não permitia no início da época ter grandes ambições desportivas e já perspetivava imensas dificuldades para entrar no Grupo A. O orçamento tinha baixado, saíram vários jogadores influentes e tínhamos muitos jogadores jovens a entrar na equipa principal. Acabámos por fazer uma época excecional, pois entrámos no grupo dos melhores e conseguimos realizar boas exibições apesar da juventude da equipa.

RC > O FC Porto deveria ter sido declarado campeão? 
JR > O FCP no final da 1.ª fase do campeonato estava à frente e ainda não tinha perdido qualquer jogo. Devia ter sido campeão porque na verdade foi a melhor equipa.

RC > Quais são as perspetivas para a nova temporada?
JR > Vamos ter a saída de dois atletas mais experientes da equipa e na próxima época teremos certamente a equipa mais jovem do campeonato. Iremos jogar para ficar no grupo A.

RC >  Como vê a aposta de clubes como Cister SA e Dom Fuas AC na formação?
JR > Fico muito feliz por ver que o andebol em Alcobaça e na Nazaré é uma forma de centenas de jovens ocuparem os seus tempos livres, tal como eu e os meus amigos fazíamos quando eramos miúdos. Há bons treinadores na formação  e Alcobaça e Nazaré são um bom exemplo disso. 

RC > Chegou com dois anos de idade a Alcobaça, de que forma foi importante a cidade na formação pessoal e desportiva? 
JR > O desporto sempre fez parte da minha vida. Quando me recordo dos tempos de miúdo lembro as horas infindáveis que passávamos no pavilhão a jogar andebol, basquetebol, o importante era ter uma bola, mas houve uma pessoa que me influenciou definitivamente e me marcou como exemplo de homem e treinador: o professor Fernando Rodrigues. Tal como eu, muitas dezenas de colegas dessa geração tiveram esse privilégio de ter um grande pedagogo e amigo.

RC > O que falta ao andebol para ter mais destaque nos noticiários, jornais e televisões? 
JR > Faltam resultados de expressão mundial mais regulares. Veja-se o que se falou de andebol nas televisões, jornais, rádios, com o desempenho da Seleção Nacional no Europeu. É preciso dar continuidade a esses magníficos resultados. Os resultados do Sporting e FC Porto na Liga dos Campeões contribuíram imenso na melhoria da imagem do andebol português.

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