Quando Emílio Carreira, conhecido por todos por Emílio Duque, abriu o restaurante em Fanhais ainda os comboios paravam na aldeia e os maquinistas e revisores apeavam-se e abasteciam os cantis de água na fonte ali perto.
Quando Emílio Carreira, conhecido por todos por Emílio Duque, abriu o restaurante em Fanhais ainda os comboios paravam na aldeia e os maquinistas e revisores apeavam-se e abasteciam os cantis de água na fonte ali perto.
As portas do restaurante O Duque, de onde se vê a linha férrea, abriram pela primeira vez a 12 de junho de 1980 pela mão do até então empregado de uma empresa de eletrodomésticos e de Fátima, a sua mulher à data. “Foi uma aventura porque não havia nada na zona”, lembra Emílio Duque.
Recorda-se como se fosse hoje dos primeiros pratos ali confecionados, como o cozido à portuguesa, a vitela estufada ou o bacalhau à Duque, que ainda hoje integra a ementa.
“Naquela época, Fanhais tinha muito mais população do que hoje e era uma aldeia com vida própria”, descreve Emílio Duque, que contava com clientes oriundos sobretudo de Pataias, Marinha Grande, Nazaré e Alcobaça. “Funcionava muito à base do passa-palavra, essa era a nossa grande publicidade”, conta.
Cerca de uma década depois de abrir, um prato viria a marcar a diferença e ainda hoje é a imagem de marca que leva dezenas de pessoas por semana a Fanhais: o camarão à Duque. Não só pela confeção, mas pela escolha da qualidade dos ingredientes, confessa Emílio Duque. “É o ex-líbris da casa”, não tem dúvidas em afirmar.
Apesar do sucesso de alguns pratos, o movimento hoje não é o mesmo de há quatro décadas, quando ao meio dia já tinha as duas salas cheias em dias de cozido à portuguesa. “Eram outros tempos, não havia tanta concorrência”, analisa.
A história do restaurante O Duque confunde-se há 40 anos com a história de Emílio, que, no início do ano, passou o testemunho à filha mais nova, Ângela, e ao genro, João, que passaram a gerir a casa.
Além da mudança de visual, quase tudo permanece inalterado. “Mantiveram os pratos e a equipa da cozinha é a mesma”, explica o fundador, que nos anos 90 do século passado chegou a abrir um segundo restaurante com o mesmo nome no MercoAlcobaça, na cidade de Alcobaça, mas depressa percebeu que não conseguia manter com êxito os dois projetos empresariais.
Hoje, Emílio Duque, que passou pelos órgãos sociais dos Bombeiros da Nazaré e da Associação Comercial Industrial e de Serviços da Nazaré, está “reformadíssimo” e todos os dias são aproveitados para a leitura. Quando o tempo ajuda não dispensa umas caminhadas e mantém a rotina de sempre – não passa um dia sem ir à vizinha vila de Pataias.