Domingo, Dezembro 22, 2024
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Hóquei: Técnico João Simões em entrevista

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O HC Turquel já iniciou a preparação da 10.ª época consecutiva na 1.ª Divisão no passado dia 16. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o técnico João Simões recordou o fim emocionante da temporada passada e dá o mote para 2021/22.

O HC Turquel já iniciou a preparação da 10.ª época consecutiva na 1.ª Divisão no passado dia 16. Em entrevista ao REGIÃO DE CISTER, o técnico João Simões recordou o fim emocionante da temporada passada e dá o mote para 2021/22.

REGIÃO DE CISTER (RC) > Na última época, a manutenção foi garantida após uma reta final alucinante. Era fundamental que o HCT se mantivesse na elite para o projeto seguir a bom porto?
JOÃO SIMÕES (JS) > Durante estes dez anos de 1.ª Divisão, os últimos têm sido cada vez mais difíceis. O campeonato está cada vez mais profissional e há equipas que, através do poderio económico ou fruto da sua localização geográfica, conseguem constituir equipas muito competitivas, o que aumenta o grau de dificuldade para clubes como o nosso. A época passada ficou marcada pelas contingências inerentes à covid-19, por uma época menos conseguida da nossa parte e por um grupo de equipas muito competentes que lutaram com todas as armas para ficar entre a elite. Se analisarmos, ficámos a 1 ponto da descida e a 2 pontos do apuramento para as competições europeias. Creio que isto diz muito da exigência da prova em que estamos inseridos.  

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RC > Qual foi o segredo para a recuperação que ficará na história?
JS > Talvez as palavra “acreditar” e “sacrifício” sejam as que melhor espelham a nossa temporada. Apesar das dificuldades que todos sentimos pelo facto de estarmos sem público e sem aquele apoio que muitas vezes nos catapulta para patamares de rendimento que nos aproximam dos adversários com maiores capacidades, tivemos, diariamente, de lidar com o esforço acrescido de jogadores fundamentais que tiveram de competir com lesões que os obrigaram a uma superação diária. Mesmo no fundo da tabela, nunca duvidámos das nossas capacidades e, com grande união e motivação, conseguimos a tão desejada manutenção, que dedicámos à Direção do clube, que permitiu que nunca nos faltasse nada, e a todos os nossos adeptos, que muito sofreram por nós do lado de fora do pavilhão de fora por nós.  

RC > Dez temporadas consecutivas na 1.ª Divisão nacional é um recorde do clube que tem o seu “cunho”. A pressão é maior?
JS > Os treinadores só ficam isolados nos resultados desportivos negativos. Quando falamos de conquistas e recordes, estes são sempre distribuídos por muitas pessoas que trabalham diariamente com esse objetivo. Confesso que, quando subimos, o grande objetivo passava por não descer e tentar crescer todos os dias para nos tornarmos um clube de primeira. Se naquele período eramos conhecidos pela formação de referência da nossa região, hoje também a equipa sénior é motivo de orgulho de todos. A pressão somos nós que colocamos em tudo o que fazemos. A exigência e dedicação é total no dia-a-dia, porque sabemos que representamos uma região, e o símbolo que trazemos ao peito tem de ser dignificado em tudo o que fazemos. Este ano o lema é “rumo à 11.ª”…

RC > Quais são os objetivos para a nova temporada?
JS > Estamos focados em atingir a manutenção o mais rapidamente possível. Se o fizermos a tempo de subir uns lugares na tabela, tudo faremos para o alcançar. 

RC > Há três reforços, dois dos quais bem conhecidos na região, e foram anunciadas algumas saídas. O plantel está fechado?
JS > O plantel está fechado e a partir deste momento estes são os melhores para podermos lutar para atingir os nossos objetivos. Felizmente, conseguimos manter sempre uma espinha dorsal que, apesar de várias propostas para sair, faz questão de manter o nosso símbolo ao peito. Os reforços que chegaram tiveram um denominador comum, que foi o de querem fazer parte deste projeto, e isso é o maior indicador daquilo que pretendemos. Podem contar com uma equipa com qualidade e que vai crescer diariamente para deixar orgulhosos todos os turquelenses. 

RC > O plantel está mais forte em relação à temporada anterior?
JS > Apesar de ter nove épocas de 1.ª Divisão, confesso que nunca estabeleci nenhuma relação com as anteriores. Não nos interessa estarmos mais fortes do que o ano passado, mas sim sermos melhores do que os adversários deste ano. No dia 18 vai começar uma nova competição, extremamente exigente, numa prova onde estão os melhores treinadores e jogadores do mundo, e acredito que temos condições para atingirmos os nossos objetivos. 

“Os adeptos são o maior reforço para esta época”

RC > Haverá novidades da formação?
JS > Do plantel de 12 jogadores que vão marcar presença na pista, sete percorreram todos os escalões de formação do clube. Este facto deve ser único numa 1.ª Divisão de qualquer modalidade coletiva. Tentamos formar para podermos ter jogadores capazes de dar respostas a estas exigências, na certeza de que, se tivermos no seio do clube, não teremos a necessidade de ir procurar fora. Mas percebemos, também, que esta exigente transição só estará ao alcance dos melhores entre os melhores. A maior referência é o Vasco Luís, que para ser o 4.º melhor marcador dos últimos oito campeonatos nacionais, nunca precisou de sair do nosso clube. 

RC >  O “fosso” entre o top-5 nacional e os restantes clubes continua a crescer?
JS > O campeonato apresenta três grupos distintos: os crónicos candidatos aos títulos, que juntam às estruturas altamente profissionalizadas o poderio económico que lhes permite ir buscar as maiores referências mundiais da modalidade; um pequeno grupo que os persegue e que, apesar de menores recursos financeiros, consegue ser profissional e usufruir dessa vantagem; os restantes, que apesar de amadores e de terem de lidar diariamente com os constrangimentos inerentes às profissões de cada um, lutam para se manter entre a elite. Quem quiser ser campeão, estar presente num playoff ou atingir a manutenção, terá obrigatoriamente de superar adversários de grande nível e é isso que torna este o melhor campeonato do mundo.

RC > Na próxima temporada, a equipa poderá voltar a sentir o incentivo dos adeptos nas bancadas. Sente que para um clube como o HC Turquel esse apoio é, muito frequentemente, a diferença entre vencer e perder uma partida?
JS > Os adeptos são o maior reforço para esta época, mas é importante que todos cumpram as normas exigidas para controle da pandemia, para que o mais cedo possível seja uma realidade sem constrangimentos. Tudo faremos para merecer o apoio e podermos contar com o nosso pavilhão sempre cheio. Sem dúvida que em jogos equilibrados, os adeptos são um fator diferenciador e, numa prova em que a fronteira entre o sucesso e o fracasso é tão pequena, pode claramente ser diferenciador.

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