O professor Amílcar Coelho colocou em “confronto” Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo, duas das mais importantes e carismáticas figuras do meio monástico e religioso europeu, no seu novo livro “Bernardo de Claraval contra Pedro Abelardo: Claridades e Sombras de uma Controvérsia Adiada”, que foi apresentado, no passado sábado, na Biblioteca Municipal de Alcobaça.
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“Os meus livros são simples na sua forma de conceção, respondem a um enigma e a uma paixão: o enigma do pensar, o que pensamos é o que também interessa a Bernardo de Claraval, e a paixão é no sentido do confronto, das posições extremadas, das polémicas, é desse modo que desenvolvo a minha filosofia, a chamada filosofia das controvérsias”, sublinhou o aljubarrotense.
O “livrinho” [de 288 páginas], como o professor de Filosofia o apelidou várias vezes durante a apresentação, representa esse “modo de pensar, em polémica, em confronto”. “Olho para Bernardo de Claraval e Pedro Abelardo e vejo dois símbolos deste pensar, que se confrontam um com outro”, com atitudes “corajosas, ousadas, marcantes e que ajudaram a abrir horizontes”. O ensaio filosófico procura, assim, compreender a polémica travada entre estes pensadores do século XII, no sentido de um “fenómeno discursivo, teológico, hermenêutico e histórico-filosófico”.
O presidente da Câmara de Alcobaça manifestou o seu “apreço” pelo trabalho em prol da cultura, “abordando temas e questões não fáceis”. Hermínio Rodrigues agradeceu ainda a Amílcar Coelho a “oportunidade de dar a conhecer duas das mais brilhantes pessoas do século XII, Bernardo de Claraval, o homem ligado à igreja, e Pedro Abelardo, um homem ligado à universidade”. “Dois vultos que disputaram em vida dois modelos teológicos ainda hoje controversos”, acrescentou o autarca, para quem Amílcar Coelho “será sempre um homem do ensino” e “pensador e investigador, da obra e vida de São Bernardo de Claraval”.
Num momento de dramatização, o historiador Rui Rasquilho interpretou Bernardo de Claraval, o professor Gaspar Vaz fez de Pedro Abelardo e a vereadora Inês Silva deu voz a Heloísa de Argenteuil para transmitir ao público as suas posições no Concílio de Sens de 1141. E conseguiram-no, tantos foram os aplausos. O momento resultaria num desafio lançado pelo presidente da Câmara: “encerrar o ano letivo com uma peça sobre Bernardo de Claraval e a Maçã de Alcobaça“.
Natural da freguesia de Aljubarrota, onde reside, Amílcar Coelho tem dezenas de obras publicadas e já está a preparar o próximo livro, desta feita sobre as maçãs e a filosofia, isto porque, segundo o autor, “as maçãs também são um símbolo de Bernardo de Claraval, um símbolo marcante”.