Surgiu de uma ideia espontânea, há 55 anos, acompanhou o crescimento de várias gerações e colocou os fregueses sempre em primeiro lugar. ”Uma casa que trata os clientes como família”. É assim que Mabília Borga descreve o seu minimercado, um negócio que mantém aberto desde 1968 e que floresceu no coração de Mira de Aire.
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A história deste que era um ponto de encontro de muitos habitantes locais depois do horário laboral começou de uma forma curiosa no dia em que Mabília Borga batizou o primeiro filho, em 1967. ”Na festa do batismo, estava a lavar a loiça e acabou o detergente. Nesse momento, uma das minhas tias comentou que fazia muita falta uma loja aqui perto e disse-me para abrir um minimercado. Na época não liguei ao comentário, mas passado alguns dias comecei a pensar no assunto”, conta a comerciante, de 80 anos.
Da teoria à prática foram necessários poucos meses. Os conhecimentos do marido e alguma ajuda da vizinhança permitiram que Mabília Borga abrisse o estabelecimento em janeiro de 1968, iniciando um negócio que já não lhe era, de todo, desconhecido. “Com 9 anos comecei a vender leite de porta em porta e aprendi a comunicar com as pessoas. Foi algo que sempre me deu muita satisfação”, expõe.
A loja abriu num pequeno espaço localizado por baixo da casa de família e foi um sucesso logo à partida. “Tinha sempre muito movimento, não existia nada nas redondezas e as pessoas faziam aqui todas as compras”, explica. Os primeiros anos do negócio decorreram de uma forma sustentável. A mirense utilizava a margem de lucro para adquirir mais produtos, aumentando, assim, a oferta. Em 1990, o volume de vendas justificou uma ampliação da loja, tendo o minimercado anexado uma espaço adjacente – que outrora tinha sido o estábulo dos animais da mãe da comerciante.
A comerciante preserva a relação com o cliente, um aspeto que, 55 anos depois da abertura do projeto, considera ser essencial para a longevidade do negócio. No minimercado é possível comprar de tudo. Além da frutaria, da charcutaria e do espaço em que as restantes mercearias estão dispostas, existe ainda uma pequena cafetaria onde alguns habitantes vizinhos tomam o café da manhã quando se deslocam para comprar pão.
O estabelecimento de Mabília Borga atravessou muitas gerações. Iniciou a atividade no tempo em que Mira de Aire era conhecida pelas pujantes indústrias, assistiu à decadência das mesmas e sobrevive hoje, ainda que com dificuldades. “O movimento é muito menor. As pessoas compram quase tudo nas grandes superfícies e vêm ao minimercado só para fazer as compras de última hora”, desabafa.
Atualmente, o negócio passou para as mãos da nora da comerciante, mas Mabília Borga ainda passa grande parte do tempo no estabelecimento, atendendo os clientes com a coragem e a simpatia que sempre a caracterizaram.