O cluster de aquacultura do porto da Nazaré vai receber a maior instalação de aquaponia da Europa. O projeto liderado pela Building Global Innovators (BGI) vai ser executado em três fases. A construção da primeira teve início no passado dia 14, num momento que contou com a presença da Secretária de Estado das Pescas, Teresa Coelho. O investimento global de 71,2 milhões de euros vai gerar 130 postos de trabalho.
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Na primeira fase, que deverá estar pronta em maio, será construída “uma unidade pré-comercial” numa área de mil metros quadrados, dos quais 670 correspondem a uma estufa climatizada, que terá “uma instalação de células fotovoltaicas para alimentar os sistemas de bombas e filtragens” e ainda um “sistema de recirculação aquícola que permite reaproveitar mais de 90% de toda água que é utilizada, alcançando maior sustentabilidade e eficiência económica”, explica o CEO da BGI ao REGIÃO DE CISTER. Gonçalo Amorim avança ainda que, no local, vão trabalhar “três níveis tróficos, em sintonia” – a piscicultura, a hidroponia e a cultura de microalgas –, favorecidas pelo sistema ecológico aberto, natural e controlado. “Nesta primeira fase teremos 2.360 torres verticais em que as plantas terão um crescimento mais acelerado, pois serão alimentadas pelos resíduos dos peixes, beneficiando também da transferência do microbioma intestinal dos mesmos”, afirma o empresário, acrescentando que a cultura de microalgas “alimentará os peixes e servirá de biofertilizante para inóculos das plantas”.
A segunda fase prevê-se que esteja operacional no prazo de 18 meses. A área de implantação de 1,5 mil metros quadrados integra um edifício bioclimático de dois pisos, sem emissões de carbono, estando adiabaticamente isolado. A infraestrutura “será alimentada por painéis fotovoltaicos, tendo uma central de armazenamento que acumula energia, durante o dia, para abastecer as funções vitais e sistemas circulatórios do edifício à noite”. O segundo piso, terá quatro quartos, para que os “investigadores ‘in residence’” possam “pernoitar enquanto monitorizam as experiências”. Ali, existirá uma incubadora com 300 metros quadrados, um espaço de ‘coworking’ para empreendedores e startups ligadas ao mar e um centro internacional de competência e formação em aquaponia.
Nas duas primeiras fases, o investimento é de 3,2 milhões de euros. A terceira parcela do projeto, que engloba uma área de dois hectares e um investimento de 68 milhões de euros, encontra-se em fase de licenciamento. Em dois anos, Gonçalo Amorim espera iniciar o processo de contratação de entidades para a construção da empreitada. Quando estiver operacional, o local terá capacidade para empregar 130 pessoas.
Na área de jurisdição da Docapesca, o polo de aquacultura inclui também o investimento de 5,5 milhões de euros na maternidade de bivalves do Centro Biomarinho e do Centro de Operações da Oceano Fresco, que se prepara para ser aumentada. “Temos um plano de expansão para multiplicar por oito a área, alcançando os oito hectares, e a capacidade reprodutiva por 15”, revela o CEO da Oceano Fresco. Bernardo Carvalho diz que o investimento poderá chegar aos 50 milhões de euros, adicionando 100 postos de trabalho aos 20 já existentes, porém os prazos do projeto não são ainda possíveis de definir. “Após as licenças estarem aprovadas, a construção deverá ser executada num período de seis a oito anos”, acrescenta.
O cluster de aquacultura do porto da Nazaré engloba ainda a unidade Aquacria (em fase de licenciamento) para crescimento e engorda de linguado branco, que comporta um capital investido de 25,6 milhões de euros.