A inexistência de médico de família em Famalicão está a desesperar a comunidade e o executivo da Junta de Freguesia, que manifestou desagrado junto da Unidade de Saúde Local (ULS) de Leiria.
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Desde o início do ano que a freguesia ficou privada de médico, depois da aposentação da profissional que ali exercia. “Temos problemas gravíssimos, nomeadamente com receitas, exames e baixas médicas”, descreve o presidente da Junta, José Ramalho, que contabiliza 1.600 utentes inscritos, mais os cerca de 100 estrangeiros que chegaram recentemente à freguesia e que vão passar a ser utentes de Famalicão.
Sem médico, as pessoas são forçadas a recorrer ao SAP da Nazaré, que funciona entre as 20 horas e a meia noite ou são encaminhadas para a unidade de Valado dos Frades, onde apenas existe um médico e onde metade da população também não tem médico de família.
Nenhuma das situações é vista com bons olhos pelo executivo. “Todos os dias somos abordados pelos fregueses desesperados por causa deste problema”, desabafa o autarca, referindo-se aos vários casos de cidadãos “que precisam da renovação do receituário habitual e imprescindível à sua saúde”.
O REGIÃO DE CISTER apurou que a médica que se reformou foi abordada pela ULS no sentido de ser contratada após a aposentação, ao que a clínica terá, numa fase inicial, aceitado, mas acabou por declinar. A contratação de profissionais aposentados é possível graças a um regime excecional, definido anualmente por despacho, que visa aumentar a capacidade de resposta do Serviço Nacional de Saúde às necessidades de saúde da população. “A ULS de Leiria confirmou-nos que continuam à procura de uma solução, mas nós sabemos que a falta de médicos é um problema geral”, reflete o autarca de Famalicão.
No documento enviado à ULS, a Junta de Freguesia descreve a luta de há três anos, quando o médico passou a exercer diariamente na unidade de saúde, em vez de se deslocar três dias por semana como acontecia até então.
“Hoje, mais do que nunca, o posto médico de Famalicão é crucial para a freguesia e a sua população. É evidente e factual a necessidade de resposta a um crescente número de utentes que se encontram a aguardar oportunidade de garantir na sua freguesia os seus cuidados de saúde primários”, lê-se no documento, que lembra a proximidade com o Centro Escolar de Famalicão, com o Centro Social da Freguesia de Famalicão e, muito em breve, a Estrutura Residencial para Pessoas Idosas, que se encontra em construção. Motivos que levam o executivo a pedir “uma solução com caráter de urgência”.
A falta de médico em Famalicão é uma preocupação partilhada pela Câmara da Nazaré. “Estamos em sintonia”, refere o presidente. Manuel Sequeira diz que “pressionar a ULS de Leiria é uma estratégia conjunta e local”.