O Fórum Terra Mágica das Lendas (TML) está a desenvolver a rota da Estrada D. Maria I D. Maria Pia (assim denominada porque a rainha era conhecida de forma diferente nas várias localidades do troço), visando dar a conhecer os pontos de interesse e as respetivas histórias associadas, ao longo do trajeto que contempla cerca de 50 quilómetros, entre Rio Maior e Batalha.
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O projeto foi iniciado a 23 de março de 2023, com a plantação de árvores típicas do terreno, nas imediações da estrada, segundo o alvará de D. Maria I. “Contámos com a presença de algumas entidades dos respetivos concelhos. Em alguns sítios em que não foi possível plantar, adotámos oliveiras que ali existiam, atribuindo-lhes nomes de pessoas generosas dessas localidades”, explica a presidente da TML.
Mas, a inspiração do projeto já vem de há alguns anos e foi desencadeada com a publicação do livro “A Estrada de Rio Maior a Leiria em 1791”, de Ricardo Charters d’ Azevedo. “É uma obra riquíssima que nos chamou imenso à atenção porque divulga um mapa que dá a visão de como foi feita a estrada e tem anexos com o alvará assinado pela rainha, que remonta a 28 de março de 1791”, começa por explicar Lúcia Serralheiro.
Aquela informação histórica da primeira estrada que ligou Lisboa ao Porto permitiu verificar que, na chamada região de Cister, a via se localizava no sopé da Serra de Aire e Candeeiros. “Foi um dado que nos chamou a atenção porque Alcobaça tem várias freguesias neste trajeto e quisemos valorizar os pontos de referência que ainda sobrevivem dessa estrada e que não estão soterrados pelo IC2, dando também a conhecer as histórias que têm para contar”, afirma a responsável da cooperativa cultural.
No concelho de Alcobaça, a rota inclui locais como a Quinta do Retiro, na Benedita, a Capela da Serra, em Turquel, a lagoa do Barreirão, em Moleanos de Évora de Alcobaça ou a Capela da Senhora da Piedade, em Moleanos de Aljubarrota. Foram também identificados locais nos concelhos de Rio Maior e Batalha.
No ano passado, foram inaugurados códigos QR, no âmbito das Jornadas Europeias do Património (JEP), que permitem aceder a textos e fotos com memórias da estrada. Este ano, o tema das JEP é “Rotas, Redes e Conexões”, o que constitui uma oportunidade de divulgar o projeto pela Europa, através das atividades envoltas no programa, contextualizando a estrada em momentos históricos do século XVIII e XIX.
Segundo Lúcia Serralheiro, a curto prazo o objetivo passa por identificar os locais da rota com placas toponímicas junto dos vários pontos de interesse, com o objetivo de preservar e promover a história que eles contam.