A horta da Barafunda – Associação Juvenil de Cultura e Solidariedade Social é uma verdadeira parafernália de frutas, legumes e plantas aromáticas. Mas, os pequenos agricultores sabem bem o nome e a função de cada planta e árvore. O espaço, além dos alimentos que produz, é um laboratório vivo onde as crianças aprendem sobre a natureza, o ciclo da vida e a sustentabilidade.
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São cerca de 20 crianças, dos 6 aos 13 anos, que cuidam da horta e acompanham o ciclo das plantas em permacultura, desde as sementes até à colheita. Há de tudo um pouco: feijões secos, cenouras, tomates, ervilhas, couve roxa, hortelã, tangerineiras, medronheiros e até galinhas com nomes próprios — Madalena e Circular, que vivem num “trator”, que muda de localização para fazer a compostagem.
A coordenadora da Barafunda explica que “a horta não é só um espaço para cultivar legumes e frutas, é um laboratório vivo onde as crianças aprendem sobre a natureza, a paciência e o ciclo da vida”. Para ela, “ver os meninos mexerem na terra, cuidarem das plantas e até das galinhas, mostra como este projeto fortalece o vínculo deles com o meio ambiente e entre si”.
Maria Carolina, de 13 anos, a mais velha do grupo, faz a visita guiada à horta com a ajuda do colega Hugo: “Consigo identificar todas as plantas. Gosto muito de vir aqui todos os dias porque aprendo mais para fazer na minha horta de casa”, diz a jovem.
A Barafunda, sediada na Benedita, promove esta horta em permacultura como parte de uma iniciativa mais ampla, que engloba a economia circular e a educação para uma alimentação saudável e sustentável. “A permacultura que praticamos aqui ensina a sustentabilidade e a economia circular, princípios que queremos que as crianças levem para a vida”, acrescenta Isabel Rufino. Tudo isto é uma aprendizagem: o mexer na terra, perceber a lógica, compreender a sazonalidade.
O projeto da horta nasceu durante a crise da Troika, quando foi evidente a necessidade de ajudar emocionalmente quem enfrentava o desemprego e a ansiedade. Com o tempo, a iniciativa evoluiu para um espaço focado no desenvolvimento das crianças, com uma forte componente educativa e prática. “Este é um projeto intergeracional, onde adultos e crianças trocam saberes. No fundo, todos aprendemos com a terra e uns com os outros”, reforça a coordenadora.
O contacto com a terra e a natureza traz benefícios que vão para além do físico: “a experiência da horta ajuda a criar uma relação emocional forte, que pode ser um apoio psicológico e social para as crianças, especialmente num mundo tão digital e acelerado”, explica Isabel Rufino.
Além da agricultura orgânica, a Barafunda promove oficinas, eventos comunitários e atividades variadas — música, jogos tradicionais, ciência, criatividade, cinema, meditação e conferências — tudo em prol da formação dos jovens, da promoção da cultura local e da criação de um espaço de interação e troca entre a comunidade.