A depressão Cláudia causou dezenas de ocorrências no concelho de Alcobaça, incluindo inundações, derrocadas e o corte temporário de várias vias em diversas freguesias, exigindo uma mobilização constante das equipas municipais ao longo de vários dias.
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Os maiores danos ocorreram na zona da Ribeira de Alfeizerão, onde campos agrícolas ficaram completamente submersos e várias explorações sofreram perdas significativas. Segundo o vereador da Proteção Civil, “se não fosse a rápida intervenção das autarquias, o impacto teria sido ainda mais grave”, referindo o carácter repentino da tempestade e o elevado caudal da ribeira, que arrastou detritos e lama.
Na Maiorga, o rio de São Vicente transbordou e inundou terrenos agrícolas adjacentes, com o caudal a manter-se elevado por várias horas antes de começar a recuar. A água chegou a cortar o acesso a pequenos núcleos habitacionais, obrigando os serviços municipais a enviar maquinaria para restabelecer as condições mínimas de circulação. Além disso, ocorreram deslizamentos de terras e derrocadas que levaram ao corte de várias vias, incluindo a estrada que liga o Vimeiro à Cela, a estrada do Acipreste, a Fervença e a própria freguesia da Maiorga. Na União das Freguesias de Cela e Maiorga, registaram-se algumas inundações rápidas, principalmente em zonas baixas, que foram rapidamente resolvidas no próprio dia. “Nada fora do normal para este tipo de intempéries”, afirmou Paulo Mateus, destacando a prontidão das equipas municipais, que evitaram que a água atingisse casas habitadas.
Apesar dos danos, o balanço da situação poderia ter sido mais grave, caso não fosse o trabalho preventivo realizado nos últimos meses. O vice-presidente da Câmara elogiou a limpeza das condutas e as intervenções executadas ao longo de 2024 e parte de 2025 nos rios Alcoa e Baça, em áreas como Chiqueda e na envolvente da antiga Crisal. “Essas intervenções foram fundamentais para o bom escoamento das águas”, afirmou. O vereador também destacou a atuação da Associação de Beneficiários da Cela, responsável pela gestão do perímetro hidráulico, sublinhando que “as cheias foram controladas e as águas fluíram bem graças ao trabalho contínuo realizado”.
Sobre o nível de preparação do concelho, Paulo Mateus considera que Alcobaça está “preparada dentro do possível”, mas ressalta que “ninguém está totalmente preparado para fenómenos naturais desta magnitude”. Contudo, o vereador destacou que a coordenação entre os serviços municipais, as juntas de freguesia, os bombeiros e os agricultores foi crucial para minimizar os danos. “A rapidez da resposta municipal evitou estragos maiores”, sublinhou. Ainda assim, lamentou que “muitas intervenções feitas pela Câmara não sejam da sua responsabilidade, mas sim da administração central, nomeadamente da Agência Portuguesa do Ambiente”.
A situação vivida no concelho de Alcobaça faz parte de um quadro mais amplo, com a depressão Cláudia a provocar centenas de ocorrências em todo o País, incluindo duas mortes, inundações, quedas de árvores, cortes de estradas e danos significativos em zonas ribeirinhas. Para Paulo Mateus, este tipo de evento reforça a necessidade de manter programas permanentes de limpeza, fortalecer a colaboração entre entidades e investir em soluções de drenagem mais eficazes, especialmente em áreas agrícolas. “Este é um trabalho invisível quando corre bem, mas absolutamente essencial quando o mau tempo chega”, concluiu o vereador.


