Que o território de Alcobaça e Nazaré pertenceu durante séculos à Ordem de Cister ninguém tem dúvidas. Mas será que todos os habitantes da região sabem pronunciar Cister corretamente? Há quem diga “Císter”, mas na verdade deve dizer-se “Cistér”. Foi para tirar estas e outras dúvidas que o… REGIÃO DE CISTER foi falar com quem sabe.
Que o território de Alcobaça e Nazaré pertenceu durante séculos à Ordem de Cister ninguém tem dúvidas. Mas será que todos os habitantes da região sabem pronunciar Cister corretamente? Há quem diga “Císter”, mas na verdade deve dizer-se “Cistér”. Foi para tirar estas e outras dúvidas que o… REGIÃO DE CISTER foi falar com quem sabe.
“A sílaba tónica de Cister é a última e, por essa razão, o ‘e’ é aberto na sílaba final”, explica Ilda Velez, professora de Português, especialista em Linguística. Para a sílaba tónica do nome ser a penúltima teria de ser escrita com um acento agudo, ou seja, “Císter”. Não havendo acento gráfico, a palavra, que termina em “er”, é interpretada como aguda, à semelhança dos substantivos colher ou mulher. “As palavras portuguesas terminadas em ‘er’ para serem graves têm de ser acentuadas”, esclarece a professora, que leciona na Escola Secundária D. Inês de Castro (Esdica), em Alcobaça.
E o leitor costuma dizer “Aljubarróta”? Se o fizer, está errado. “O ‘o’ é fechado e por isso diz-se ‘Aljubarrôta’, como se tivesse acento circunflexo”, clarifica Ilda Velez. Mas, neste caso, não há uma explicação linguística para distinguir os sons. “Cor (cor dos olhos) e cor (saber de cor) tem pronúncias diferentes e nenhuma delas tem acento. Muitas vezes é a prática que dita a pronúncia”, adianta.
E o rio é Alcoa ou Alcôa? Resposta certa: Alcoa, sem acento. O Ciberdúvidas, sítio na Internet criado para responder a dúvidas e discutir temas relacionados com a língua portuguesa, explicou ao REGIÃO DE CISTER que “o nome em questão já se escrevia sem acento circunflexo, antes da aplicação do Acordo Ortográfico (AO) de 1990. O nome Coa é que se alterou, porque se grafava ‘Côa’ antes do AO 90”. Assim sendo, o nome que está impresso na placa toponímica da ponte, junto à Biblioteca Municipal de Alcobaça, está correta. Mas a professora alerta que as placas não são, “nem devem ser”, referência para questões linguísticas. Tanto que, se assim fosse, e segundo a placa localizada na VCI da cidade antes da rotunda da Esdica, os carros que optassem por sair na terceira saída seguiriam para Caldas da Raínha e não da Rainha.
E sabia que quem vem de Alcobaça entra em Chiqueda e sai em Chaqueda? As placas assim o dizem, mas a lenda conta que D. Afonso Henriques atirou uma lança do topo da Serra dos Candeeiros para determinar o local da construção do Mosteiro de Alcobaça, e imagine-se… caiu em Chiqueda. Daí que a localidade tenha passado a apelidar-se de Quiqueda (Aqui+Queda), evoluindo para Chiqueda. Ainda assim, “é com ‘a’ que o topónimo está atestado no século XV” (Vocabulário da Língua Portuguesa de Rebelo Gonçalves), e, por essa razão, o Ciberdúvidas atesta que a grafia correta é Chaqueda.
Mais dúbio é o topónimo Coz e Cós. “É com ‘z’ que se atesta na Idade Média. O uso de ‘s’ ou de ‘z’ depende muitas vezes da língua medieval”, esclarece o Ciberdúvidas. Contudo, Ilda Velez considera que o mais correto é Cós: “Coz não faz qualquer sentido. Por esse raciocínio escreveríamos Eça de Queiroz e não Queirós“. No período fonético, que prevaleceu até ao século XVI, aparecem designações na documentação alcobacense latino-medieval como “Coz”. Mais tarde, no período pseudoetimológico, que se estende desde ao século XVI até 1911, o topónimo escrevia-se “Coz” e “Cós”. Mas, com a primeira reforma da ortografia em Portugal, a professora assegura que o grafismo oficial passou a ser Cós, que até hoje se deveria ter mantido.
A União das Freguesias de Coz, Alpedriz e Montes não o entendeu assim e assumiu “Coz” como a grafia correta. E, por isso, o REGIÃO DE CISTER também optou pelo “z” em vez do “s”.
Já agora… por que é se vai à Nazaré e a São Martinho do Porto, quando se mencionam localidades? Nazaré é feminino e São Martinho do Porto é masculino. Mas também vamos a Faro e vamos ao Porto. E ambos são nomes masculinos. Confuso? Há razão para isso. Mas, não há dúvidas que o jornal que tem nas mãos ou lê no ecrã do computador, telemóvel ou tablet, chama-se REGIÃO DE CISTER, com sílaba tónica no ‘er’. E quem disser o contrário não é de Alcobaça!