A eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América (EUA), na terça-feira da semana passada, parece ter surpreendido os quatro cantos do globo.
A eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América (EUA), na terça-feira da semana passada, parece ter surpreendido os quatro cantos do globo. A ascensão do candidato republicano à Casa Branca fez agitar os mercados financeiros internacionais, em particular no dia seguinte, com a bolsa de Wall Street a descer quase 4 pontos percentuais. Além disso, os apoiantes de Hillary Clinton, a candidata democrata, saíram à rua para contestar a vitória de Donald Trump e as possíveis consequências do seu mandato para todo o mundo.
O REGIÃO DE CISTER contactou emigrantes alcobacenses naquele país para tentar perceber como analisam a eleição do candidato republicano à Casa Branca e como é que, na sua perspetiva, Donald Trump pode vir a influenciar a vida das comunidades portuguesas nos Estados Unidos da América.
De um lado, Miguel Vicente, que só via Hillary Clinton como “a única candidata séria”. Do outro, Manuel Constantino, empresário de construção civil que, à semelhança de toda a família, “votou Donald Trump”. Apesar de não ser apoiante da candidata democrata, Miguel Vicente, natural de Alcobaça, considera que “a diferença de capacidades, conhecimentos, perfil e preparação para o cargo” entre os candidatos “é gigantesca”. O “resto”, como o alcobacense descreve o candidato republicano, é “a personificação das vozes do protesto, não uma alternativa real”. Já Manuel Constantino, natural da freguesia do Vimeiro, que se confessa simpatizante do Partido Social Democrata, identifica-se mais com o Partido Republicano americano e, por isso, na hora do sufrágio não teve dúvidas em escolher Donald Trump como o seu predileto a ocupar um dos lugares mais influentes do mundo, apesar de não ter “participado ativamente” na campanha.
As diferenças entre os dois emigrantes ouvidos pelo REGIÃO DE CISTER não se ficam por aqui: enquanto Miguel Vicente, a viver desde junho em Seattle, no estado de Washington, mostra alguma preocupação no que toca à influência “dos princípios nacionalistas que pautaram a campanha de Trump” nas comunidades estrangeiras, Manuel Constantino está confiante que a diáspora portuguesa nos EUA não será afetada com as políticas do próximo presidente daquele país. “O impacto da eleição de Trump nos emigrantes portugueses será a mesma que em 99,9% do país porque as nossas comunidades estão bem integradas”, defende Manuel Constantino, a viver em Farmingville, no estado de Nova Iorque há mais de três décadas, acrescentando um facto curioso: as comunidades alcobacenses são das mais bem integradas naquele país.
Neste momento, o clima que se vive nos Estados Unidos da América depende de quem o descreve. Manuel Constantino, cofundador da Associação Regional Alcobacense USA, considera que o ambiente é “de grande esperança” porque chegou à Casa Branca “um homem de negócios, que sabe o que é criar emprego e pagar milhões de dólares em salários, com um discurso frontal e dizendo muitas das palavras que a maioria do povo americano gostava de poder dizer a quem nos tem desgovernado”.
Como se não bastasse viverem em pontas opostas dos Estados Unidos da América, Miguel Vicente e Manuel Constantino parecem, mesmo, viver em países diferentes. É que o alcobacense, que exerce as funções de audience evangelism lead na Microsoft, uma das maiores empresas de software do mundo, descreve um cenário “desolador e de incrédulo espanto”, notando uma “dormência latente desta pancada [eleição de Donald Trump] que se vai manter por algum tempo”. Ainda assim, o jovem afirma que “a vida continua e o sol nasce, de facto, no dia seguinte, ainda que um pouco mais triste”.
A única coisa que parece ser comum aos dois emigrantes ouvidos pelo REGIÃO DE CISTER é mesmo o facto de viverem num “país democrático” e que os “enche de orgulho”. Independentemente de quem se sentar na Sala Oval e, com isso, controlar um dos países mais influentes do mundo.