Na primeira entrevista desde que assumiu o comando técnico do CCRD Burinhosa, Alex Pinto faz o balanço da primeira fase da temporada e agradece o apoio dos adeptos.
Na primeira entrevista desde que assumiu o comando técnico do CCRD Burinhosa, Alex Pinto faz o balanço da primeira fase da temporada e agradece o apoio dos adeptos, que nunca deixaram de estar ao lado da equipa mesmo quando os resultados eram negativos.
REGIÃO DE CISTER (RC) > Como foi pegar na equipa depois de uma semana tão tumultuosa e à beira do início da Liga Sport Zone?
ALEX PINTO (AP) > Foi um processo complicado, que teve várias versões que vieram a público. Vivi tudo por dentro, sei exatamente o que se passou e penso que ainda não será o momento de a minha versão da história vir a público. Aquilo que sinto é que este clube e eu vivemos uma história muito bonita ao lado de alguém que já cá não está. Foram muito mais as coisas boas que vivi ao lado do Kitó Ferreira do que as coisas más e gosto de recordar o que de bom vivemos. A saída dele foi uma situação menos boa que aconteceu no trajeto do Kitó na Burinhosa e no meu percurso ao lado dele. Assim que se tomou a decisão da saída dele, também comuniquei à Direção a minha saída e fui surpreendido quando, 48 horas depois, me convidaram para ficar com a equipa. Sabia que, em caso de aceitar o convite, seria uma situação em que ficaria numa posição frágil, mas devido à força que foi feita por várias dimensões do clube – e não falo apenas da Direção, falo dos jogadores – e ao facto de estarmos a cinco dias da 1.ª jornada, entendi por bem aceitar o desafio. Foi pegar numa equipa que, naquele momento, se desmembrou por completo e não foi um processo fácil. Creio que, agora, com o fechar da primeira volta estamos a entrar numa nova fase. Temos metade dos jogadores que iniciaram a temporada e, por isso, estamos a falar de uma equipa que teve uma primeira volta em construção, à procura da sua identidade. Após uma fase inicial não muito boa conseguimos um conjunto de vitórias. É tempo de olhar mais para o futuro do que para o passado e temos todas as condições para ultrapassar a tempestade e atingir a bonança. Queremos cimentar os resultados e continuar a dignificar o clube.
RC > Como treinador, esta era uma oportunidade que esperava há mais tempo?
AP > Não, de todo. Já tinha liderado equipas e, neste momento, não passava nos meus horizontes pegar numa equipa, muito menos na Liga. O certo é que as oportunidades só aparecem uma vez e nós ou as agarramos ou deixamo-las passar. E apesar de não ser o momento ideal, de não ser a forma como gostaria de lá chegar, senti que a devia agarrar.
RC > A que razões se devem a mexida tão profunda no plantel?
AP > A principal razão foi a visita do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras aos quatro brasileiros que tinham sido contratados e que receberam uma notificação para abandonar o País em 15 dias. Com essas saídas fomos obrigados a procurar alternativas no mercado. O momento não era o ideal e, por isso, tivemos de captar jogadores com potencial e valor, mas que, com exceção do Tukinha, não conheciam o campeonato. O processo de adaptação teve de ser mais longo, porque passaram de uma realidade de 2.ª Divisão para o escalão principal.
RC > Após dois anos sem perder na aldeia, a equipa sofre duas derrotas seguidas em casa, mas o público nunca deixou de estar com a equipa. Isso foi decisivo para a recuperação?
AP > O público da Burinhosa é um público exigente, que gosta de vitórias. Mas outro público que não vivesse de tão perto a realidade do clube teria, provavelmente, deitado a toalha ao chão após alguns maus resultados. Este público é diferente e para melhor, porque percebeu nitidamente aquilo que se estava a passar. O problema não era de falta de trabalho ou qualidade, era de demasiada ansiedade em campo e o público nunca virou as costas aos jogadores e à equipa técnica. Estas pessoas são fantásticas nos jogos, mas também nos treinos e nas concentrações. O trabalho foi dando os seus frutos, mas sem apoio teria demorado mais tempo.
RC > Como treinador, esta era uma oportunidade que esperava há mais tempo?
AP > Não, de todo. Já tinha liderado equipas e, neste momento, não passava nos meus horizontes pegar numa equipa, muito menos na Liga. O certo é que as oportunidades só aparecem uma vez e nós ou as agarramos ou deixamo-las passar. E apesar de não ser o momento ideal, de não ser a forma como gostaria de lá chegar, senti que a devia agarrar.
RC > Como foi o reencontro com Kitó Ferreira no jogo com o Leões de Porto Salvo?
AP > Foi um jogo em que o Kitó foi apenas um adversário. Não tenho nada a apontar-lhe e gosto de recordar os grandes momentos que vivemos juntos. As coisas boas marcam-me mais do que as negativas.
RC > O CCRD Burinhosa afirmou-se nos últimos anos também como uma referência na formação. É possível manter esse estatuto?
AP > O clube só muito recentemente começou a apostar nos escalões mais inferiores e, por isso, ainda não é o produto da casa que sustenta os juvenis e os sub-20. O recrutamento é difícil, mas há potencial para trabalhar. Para a equipa sénior é muito importante que a formação possa formar jogadores de qualidade.