As portas da Junta de Turquel abriram pela primeira vez a um domingo de manhã dias depois de Jorge Honório ter iniciado o mandato. Começou por ser uma experiência mas, agora, todos os domingos de manhã o presidente abre as instalações da Junta para receber e ouvir as pessoas.
As portas da Junta de Turquel abriram pela primeira vez a um domingo de manhã dias depois de Jorge Honório ter iniciado o mandato. Começou por ser uma experiência mas, agora, todos os domingos de manhã o presidente abre as instalações da Junta para receber e ouvir as pessoas.
A ideia surgiu quando percebeu que, além das obrigações e responsabilidade que tinha de continuar a assumir na sua empresa, também a lei não o permitiria estar a tempo inteiro na Junta. Com o apoio da equipa, a iniciativa de abrir a sede ao domingo resulta e “há dias em que a Junta é bastante concorrida”.
Todos os domingos, entre as 10 e as 13 horas, a Junta de Turquel está aberta e recebe entre seis a 10 pessoas. “As pessoas acabam por ter mais tempo para exprimir o que lhes vai na alma e as necessidades que têm, e nós também temos mais tempo para ouvir, é por isso que isto é bom para todos”, justifica.
Além de prescindir das horas de sono de domingo de manhã, Jorge Honório teve de aprender a conciliar tarefas e “compensar” os quatro filhos e a esposa sempre que estão juntos, seja ao fim do dia ou noutros momentos. Em Turquel, “um meio rural onde toda a gente se conhece”, a população mais idosa continua a ter o hábito de aproveitar o domingo para se deslocar ao centro da vila. “As pessoas vêm à missa, às compras ou ao mercado e o facto de estarmos aqui permite-lhes resolver outros assuntos”, sublinha.
Há fregueses que vão à Junta quase todos os domingos, outros que aparecem para expor uma queixa ou preocupação, e há ainda forasteiros que, por norma, procuram a campa de um familiar ou conhecido.
O presidente da Junta conta que uma das histórias mais caricatas aconteceu recentemente com uma idosa com mais de 70 anos: “quer a rua dela alcatroada, sabe que é competência da Câmara mas veio à Junta expor o assunto. Ralhou tanto, tanto, tanto… e eu ouvi. Acabámos a falar de livros e histórias da vida dela. Ouvi-a durante mais de uma hora, ficámos amigos, mas a estrada continua por alcatroar”.
Aos domingos de manhã, Jorge Honório conta com a colaboração do secretário, Joaquim Alves, pilar importante para conseguir “apoiar as pessoas e resolver os problemas”. Quando não estão a atender os turquelenses, usam o tempo para “pôr a escrita em dia e planear a ordem de trabalhos da semana”.
E porque “o segredo é a alma do negócio”, o presidente da Junta de Turquel garante que uma das coisas a que a população dá mais valor é a possibilidade de falar sem a presença dos funcionários ou outras pessoas na Junta”. Pequenos gestos que “ajudam as pessoas e cumprem parte da vertente social da Junta”.
“Há riscos que somos desafiados a correr e, ao longo da vida, vai haver sempre alguém que nos critica, mas no final o que importa é sentirmos que a nossa missão foi cumprida”, afiança Jorge Honório (PSD), que promete continuar a acordar todos os domingos de manhã para abrir as portas de Junta de Turquel, pelo menos até às próximas eleições autárquicas. Depois, o povo decide quem abrirá a porta.