Sábado, Novembro 23, 2024
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Valadense deixa laboratório e abre loja de decoração infantil

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Ana Varela decidiu largar o labortatório para abraçar aquela que chamou “a loucura dos 30”: deixar para trás quatro anos de bolsa de doutoramento para abrir uma loja ligada ao mundo infantil.

Ana Varela é uma mulher do mundo da Ciência. Mas há dois anos decidiu largar as pipetas e os ratos para abraçar aquela que chamou “a loucura dos 30”: deixar para trás quatro anos de bolsa de doutoramento para  abrir uma loja ligada ao mundo infantil, em Coimbra. Hoje, com 32 anos, a valadense não se arrepende da escolha que fez, tão distinta do universo científico.

Há quatro anos a “competição desenfreada”, a “pressão de publicar artigos científicos” e a “extrema devoção” que os cientistas “devem ter” foram alguns dos fatores que a levaram a distanciar-se do percurso que tinha feito até ali. A cientista não sabia se gostava suficientemente “daquilo” para continuar. 

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“Houve uma altura em que foi o meu corpo a decidir por mim. Estava cansada fisica e psicologicamente. Por vezes tive medo de achar que seria um capricho… confundi as coisas”, recorda. 

Depois de um mês sem passar pelo laboratório, Ana Varela decide agir. “Pensei que era hora de terminar uma coisa que já não estava a ser boa nem para mim nem para o próprio trabalho. As pessoas devem ser responsáveis e dedicar-se imenso aos seus trabalhos mas têm de ter a vida delas”, defende a valadense, que saiu do laboratório em abril de 2015. 

Em outubro do mesmo ano, decide abrir a “Lato Latinho”: uma loja na qual vende artigos para o público infantil, aceita apresentações de livros infantis, dinamiza eventos e até tem uma hora do conto para crianças e pais. “Há um conceito por detrás do Lato Latinho que vai além da decoração. Gostamos muito de receber as crianças na loja”, explica.

E o porquê do nome? É caso para voltar à infância, no tempo em que não dizia a letra ‘r’. A lengalenga do “lato latinho” foi ensinada por vizinhos que viviam perto de si, em Valado dos Frades. Uma expressão que perdurou no tempo, pelo menos até ter 20 anos. “Às vezes quando ia, por exemplo, até à farmácia, ainda me tratavam por ‘lato latinho’”, recorda Ana Varela. 

Curiosamente, o rato é um dos animais com que a valadense tem mais dificuldade em lidar. “Tive de me habituar a eles em laboratório, mas tentava que não me calhasse a mim a tarefa de os sacrificar”. Ironia do destino e a loja tem uma mascote, um rato, que também pertence ao logótipo da Lato Latinho.

Apesar da pausa no mundo científico, Ana Varela admite que se vê a voltar à ciência daqui a uns anos. “Não sei se quero voltar propriamente à área de investigação, mas talvez a algum projeto também mais ligado às crianças”. Por agora, a valadense vai vivendo os sonhos na companhia dos seus… “latinhos”.

 

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